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Promotoria quer que Neymar deponha como réu em processo por fraude

Andreu Dalmau/EFE
Imagem: Andreu Dalmau/EFE

Do UOL, em São Paulo

08/01/2016 06h34

Neymar deve ter que enfrentar os tribunais no banco dos réus. A promotoria solicitou à Audiência Nacional, que o atacante brasileiro deponha como réu no caso da disputa com a DIS, que pede para receber maior parcela do pagamento da polêmica transferência do atacante ao Barcelona em 2013. O pedido será avaliado pelo juiz José de la Mata, da Audiência Nacional.

No documento que será apresentado nesta sexta, a promotoria também solicitará a presença como réus do presidente do Barcelona, Josep María Bartomeu, do ex-presidente Sandro Rosell, do pai de Neymar, dos ex-dirigentes do Santos Luis Álvaro de Oliveira e Odílio Rodríguez, além do próprio Santos e o Barcelona como pessoas jurídicas.

Em junho de 2015 a Justiça espanhola abriu processo para investigar a transferência do atacante para o Barcelona, em 2013. A ação não tem relação com a movida pelo fisco espanhol, é fruto de uma queixa-crime da DIS, que detinha direitos sobre o jogador. O processo foi aberto pela Audiência Nacional, em Madri.

Além de Neymar, Neymar Santos (pai do atleta), Nadine Santos (mãe do jogador), Josep Maria Bartomeu (atual presidente do Barcelona), Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro (presidente do Santos na época), Odílio Rodrigues (então vice-presidente do Santos na época da transação) e a empresa N&N (pertencente aos pais do jogador) estão envolvidos na disputa. 

Eles são acusados de fraudar contratos firmados no acordo entre Santos e o clube catalão. Quando contratou Neymar, o Barcelona informou ter desembolsado 57,1 milhões de euros. Posteriormente, o clube catalão admitiu que o gasto foi maior: quase 100 milhões de euros. Desse total, mais 40 milhões de euros vieram para a empresa do pai de Neymar no Brasil, por conta dos direitos do jogador.

A questão é que o Santos respondia por 55% dos direitos do atleta, e a DIS detinha 40%. Os 5% restantes pertenciam à Teísa (grupo de investidores). Mesmo não tendo porcentagem na negociação com o Barcelona, a família de Neymar recebeu a maior parte da transação, conforme contrato firmado entre a N&N e o Barcelona.

O documento mostra que os pais de Neymar ganharam 40 milhões de euros, enquanto o Santos (que tinha a maior parte dos direitos de Neymar) levou 17 milhões de euros. O UOL teve acesso ao contrato firmado entre Barcelona e a N&N.

Em março, a DIS já havia entrado com uma ação civil cobrando do Barcelona e da família de Neymar cerca de 40 milhões de euros a que alega ter direito. Argumentou que o clube e o jogador forjaram contratos como a intenção de evitar repassar o dinheiro. Por isso, entrou com nova queixa criminal.

Em Barcelona, Sandro Rossel e Josep Bartomeu - dirigentes envolvidos na operação - são considerados réus por fraude na assinatura do contrato e poderão pegar até sete anos de prisão.

Neymar também enfrenta problemas com a Justiça brasileira. Em processo paralelo, autoridades do país ordenaram congelar os bens de Neymar, acusado de evasão fiscal, por um valor de 188,8 milhões de reais.