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Como contratação de Anelka fez brasileiro virar turco e ter Mehmet no nome

Marco Aurélio (esq). comemora gol com Deivid, pelo Fenerbahçe - Fatih Saribas/Reuters
Marco Aurélio (esq). comemora gol com Deivid, pelo Fenerbahçe Imagem: Fatih Saribas/Reuters

Vagner Magalhães e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

09/08/2015 06h00

Em 2006, o brasileiro Marco Aurélio, 37, foi o primeiro estrangeiro a se naturalizar turco e atuar pela seleção local. Ele jogava pelo Fenerbachçe e o presidente da equipe queria contratar o atacante francês Anelka. Por conta do limite para estrangeiros na equipe, sugeriu que o brasileiro se naturalizasse turco, abrindo assim uma vaga para a contratação. Marco Aurélio ganhou Mehmet (Louvável) ao sobrenome e passou a jogar pela seleção turca. Foram 31 convocações.

"Quando a gente sai do país, é meio esquecido aqui no Brasil. Eu saí cedo e não joguei profissionalmente em nenhum time grande brasileiro. Quando eu estava no Fenerbachçe, ele me disse que eu já tinha cinco anos lá e falou que eu me naturalizasse. Eu não sabia que estava sendo observado pela seleção da Turquia. Mas o treinador me chamou para uma reunião perguntando o que eu achava. Se eu jogaria pela seleção da Turquia. Eu fiquei muito feliz e aceitei na hora. Foi uma resposta muito rápida. Infelizmente, não consegui disputar a Copa do Mundo. Disputei as eliminatórias, mas nós não nos classificamos para o Mundial de 2010", disse.
 
O ex-jogador lembra, porém, que a Turquia foi terceira colocada na Euro 2008. "Foi muito emocionante chegar na Turquia e ver o povo na rua recebendo a gente. Ficou marcado", lembra.
 
Em 2008, depois de sete anos na Turquia, foi para a Espanha, jogar pelo Real Betis. Mas não teve o mesmo sucesso. "Eu tinha um sonho de jogar na liga espanhola. Mas eu não me adaptei. Quando cheguei lá vi que não era a mesma coisa que eu estava acostumado. Aí resolvi voltar para a Turquia depois de dois anos e fui jogar no Besiktas. Depois voltei para o Brasil e encerrei a carreira no Olaria, em 2013", afirma. "Foi gratificante terminar a carreira no clube que comecei. Parei com 35 anos".
 
Quando atuava pelo Betis, ele errou uma cobrança de pênalti e a imagem rodou o mundo. No momento da batida, Marco Aurélio escorregou e mandou a bola muito longe do gol.
 
 
"Foi em um jogo contra o Gimnàstic pela Série B do Campeonato Espanhol. Lá eles têm o costume de molhar o gramado antes dos jogos. Meu pé esquerdo escorregou e quando eu fui chutar com a direita, eu caí. A bola subiu muito. Ainda bem que a gente conseguiu ganhar o jogo. O time estava na luta para subir para a primeira divisão. O técnico iria me pegar caso não ganhássemos (risos)".
 
Na Turquia, ele se lembra de um desentendimento com o meia Ricardinho. "Era um clássico entre o Fenerbachçe e o Besiktas. O Ricardinho estava no Besiktas. Foi uma coisa no calor do jogo. Mas foi coisa que ficou ali. Depois não tive oportunidade de falar com ele. Às vezes você não está em um dia favorável. Foi uma falta que ele recebeu. Nem fui eu que fiz a falta, foi o Edu Dracena. Aí eu fui falar com ele e ele não gostou. Foi isso. Se um dia tiver de encontrá-lo, não há problema nenhum", afirma.
 
Agora, Marco Aurélio pretende fazer o curso da UEFA para ser treinador. "Começar auxiliando e depois, quem sabe, ir para o principal. Mas são etapas e temos de ir devagar. Eu pretendo trabalhar lá na Turquia. Este é meu pensamento, meu sonho".