Copa Africana-2012 lamenta ausências, aposta em brasileiros e tem até 'vaquinha'

“Terror” para muitos clubes europeus, a Copa Africana de Nações terá sua 28ª edição sem algumas das principais seleções do continente. A partir deste sábado, 16 equipes iniciam a disputa para ver qual delas ocupará o lugar do Egito. Os Faraós, maiores vencedores da CAN (sete taças) e atuais tricampeões do torneio, foram surpreendidos nas eliminatórias e nem conseguiram se classificar.

O torneio deste ano será realizado em dois países: Gabão e Guiné Equatorial, cada um com duas cidades-sede (Libreville/Franceville e Malabo/Bata, respectivamente). A partida de abertura da CAN-2012 terá os guinéu-equatorianos em campo contra a Líbia. A decisão, em 12 de fevereiro, será disputada em território gabonense.

O campeão desta edição da Copa Africana, porém, não se classificará para a Copa das Confederações-2013. O representante sairá da CAN-2013; a partir do próximo ano, a competição continental passa a ser realizada em anos ímpares para não coincidir com o calendário da Copa do Mundo.

Sem algumas das seleções mais tradicionais na disputa, Costa do Marfim, Senegal e Gana aparecem como principais candidatas ao título. Para os marfinenses, trata-se da última chance da geração de Didier Drogba conquistar a taça. O atacante do Chelsea, de 33 anos, deseja apagar as recentes decepções dos Elefantes – eliminações na CAN-2010 (para a Argélia, nas quartas de final) e na Copa do Mundo-2012 (não passou da fase de grupos, quando teve Brasil e Portugal como adversários em sua chave).

Os senegaleses apostam na força de seus atacantes. Mamadou Niang, Moussa Sow, Papiss Cissé e Demba Ba contam com a experiência adquirida no futebol europeu para fazer a equipe se destacar novamente – em 2002, os Leões de Teranga chegaram às quartas de final da Copa do Mundo. Gana, por sua vez, foi finalista da CAN-2010 e foi a melhor seleção africana do último Mundial, quando foi eliminada pelo Uruguai nas quartas em partida emocionante.

As partidas da Copa Africana de Nações serão transmitidas ao vivo pela ESPN e ESPN Brasil, com acompanhamento do Placar UOL Esporte.

Conheça mais algumas curiosidades sobre a CAN-2012:

AS AUSÊNCIAS DE ALGUMAS DAS PRINCIPAIS FORÇAS DO CONTINENTE

Maior campeão continental e atual tricampeão da CAN, o Egito deu vexame nas eliminatórias e foi o lanterna de seu grupo. Camarões também tropeçou e viu Senegal ficar com a vaga de sua chave. Togo nem disputaria as eliminatórias, já que havia sido suspenso por não disputar a última edição – a delegação foi vítima de um ataque em Angola. A federação local conseguiu reverter a decisão, mas deu vexame em campo. A Nigéria também ficaria fora do torneio classificatório após ser punida pelo governo, que recuou após ameaça da Fifa. No entanto, os nigerianos fracassaram e foram superados por Guiné.

CLUBES EUROPEUS DE CABELOS EM PÉ

A ausência de algumas das principais seleções africanas na CAN-2012 aliviou um pouco os times da Europa, mas eles ainda sofreram algumas baixas importantes. O Chelsea cedeu Drogba (foto) e Kalou (ambos da Costa do Marfim). Os marfinenses também tiraram Yaya e Kolo Touré do Manchester City e Gervinho do Arsenal. O Olympique de Marselha cedeu os irmãos André e Jordan Ayew (Gana), Kaboré (Burkina Fasso) e Diawara (Senegal).

ELES VERÃO A CAN-2012 PELA TELEVISÃO

Alguns dos principais jogadores africanos não desfilarão seu talento pelos gramados do Gabão e de Guiné Equatorial. Samuel Eto’o (Camarões), Emmanuel Adebayor (Togo), John Obi Mikel (Nigéria) e Mohamed Zidan (Egito) pagam pela eliminação de suas respectivas seleções. Já os ganenses Michael Essien (lesionado) e Richard Kingson não foram convocados.

ÁFRICA DO SUL COMEMORA, MAS NÃO SE CLASSIFICA

Uma das cenas mais bizarras das eliminatórias da CAN-2012 foi protagonizada pela África do Sul. Após o empate sem gols com Serra Leoa, os jogadores comemoraram, deram volta olímpica e vibraram com a torcida pela “classificação”. Na verdade, os Bafana Bafana estavam eliminados. O engano ocorreu porque os sul-africanos, que terminaram empatados com Níger e Serra Leoa, achavam que o desempate seria feito pelo saldo de gols. Pelo regulamento, porém, o confronto direto era o primeiro critério, para comemoração (esta sim verdadeira) dos nigerinos. Relembre a festa sul-africana

ESTREANTE, GUINÉ EQUATORIAL APOSTA EM TREINADOR BRASILEIRO

Pela primeira vez, Guiné Equatorial participará de uma Copa Africana. Se dependesse de seu desempenho em campo, a equipe talvez nunca tivesse esta chance: é a que tem a pior posição no ranking da Fifa (151ª) entre as 16 seleções. Para fazer bonito diante de sua torcida, a federação local escolheu um treinador brasileiro. Gilson Paulo, de 62 anos, trabalhou nas categorias de base do Vasco e substituiu Henri Michel. Sua principal dificuldade foi lidar com o número excessivo de jogadores naturalizados, em uma tentativa de melhorar o nível do time. Há até um brasileiro que vestirá a camisa de Guiné Equatorial: o goleiro Danilo, de 29 anos, que atua no América-PE.

BRASILEIRO COMANDA A SELEÇÃO LÍBIA APÓS REVOLUÇÃO NO PAÍS

As imagens do ditador Muammar Gaddafi morto ainda estão vivas na memória dos líbios. Em meio ao caos e ao clima tenso no país por conta dos diversos atos de violência, o treinador Marcos Paquetá voltou ao Brasil. A equipe se viu forçada a mandar suas partidas pelas eliminatórias em outros países. Mesmo diante das dificuldades, a Líbia se classificou. “Temos que aproveitar este momento tão importante para os jogadores e para o povo líbio”, disse o brasileiro. Veja as expectativas do técnico

GABÃO E O GRAMADO CRITICADO PELOS BRASILEIROS

O dia 10 de novembro de 2011 entrou para a história do futebol gabonense. Afinal, a seleção recebeu o Brasil para um amistoso, que marcou a inauguração do estádio Angondjé – um dos palcos da CAN-2012. No entanto, a partida chamou a atenção por outra coisa: o péssimo estado do gramado, muito criticado pelos brasileiros. A equipe de Mano Menezes venceu por 2 a 0 e os gabonenses trabalharam para melhorar as condições do campo. Relembre como foi o jogo

NÍGER RECORRE A “VAQUINHA” PARA JOGAR

A seleção de Níger surpreendeu nas eliminatórias ao se classificar em um grupo com rivais como Egito e África do Sul. A primeira participação dos nigerinos na CAN, porém, esteve ameaçada por questões financeiras. Djamila Ferdjani (foto), presidente do Comitê Nacional, apelou para o povo e pediu doações para a equipe, com o intuito de completar o orçamento previsto de dois milhões de euros. O esforço deu resultado.