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O fim da 'Era só Neymar': pela 1ª vez, não é desastre jogar sem o camisa 10

Nikola Milenkovic, da Sérvia, acerta Neymar em partida da Copa do Mundo. - Icon Sportswire/Icon Sportswire via Getty Images
Nikola Milenkovic, da Sérvia, acerta Neymar em partida da Copa do Mundo. Imagem: Icon Sportswire/Icon Sportswire via Getty Images
Gabriel Carneiro, Danilo Lavieri e Pedro Lopes

Do UOL, em Doha

26/11/2022 04h00

Classificação e Jogos

Desde que se consolidou como jogador no time profissional do Santos, Neymar se transformou também no principal nome do futebol brasileiro. Em 2013, se tornou uma estrela mundial ao se transferir para o Barcelona e inaugurou a 'era Neymar' na seleção, um longo período de quase uma década como a estrela máxima do Brasil. Nesse intervalo, foram três Copas do Mundo.

Neymar se tornou a cara da seleção, e caminha para ser o maior artilheiro de sua história - tem 75 gols, apenas dois a menos do que Pelé. Em cada uma das Copas que disputou, chegou como maior esperança da seleção. Em cada uma delas, teve dificuldade com as lesões. Sua ausência sempre foi um desafio imenso para a seleção, que nunca teve nomes com a mesma característica e qualidade para substituí-lo. Em 2022, pela primeira vez, Tite tem em mãos um leque farto de alternativas.

Em 2014, Neymar era um jogador diferente do de 2022. Recém-chegado ao Barcelona, estava no auge de sua explosão, atuava como atacante pelo lado esquerdo e tinha como principal característica partir para cima dos adversários em alta velocidade. Era a alma de um ataque bem menos badalado do que o atual, que tinha o veterano Fred como centroavante e Hulk como ponta direita.

Nas quartas de final, diante da Colômbia, o camisa 10 foi atingido por Zuñiga com uma joelhada nas costas, que o tirou do Mundial. Sua ausência se mostrou um problema sem solução: Luiz Felipe Scolari tinha no banco de reservas para o ataque Jô, Bernard, Willian e o meia Ramires, que entrou no lugar de Hulk contra a Colômbia nas quartas de final. Sem seu astro, o Brasil acabou sofrendo o desastroso 7 a 1 para a Alemanha no Mineirão.

Em 2018, Neymar conseguiu se manter em campo, mas sofreu com problemas no tornozelo direito - o mesmo local que agora o ameaça na Copa de 2022 no Qatar. Willian e Gabriel Jesus, jogadores capazes de atuar pelos lados, já eram titulares e exerciam outras funções. As opções eram Douglas Costa e Taison - o segundo foi o nome mais contestado na lista de Tite, e não atuou por um segundo sequer no Mundial.

Em 2022, o cenário é muito diferente: se por um lado Tite vem sendo muito criticado pela convocação de Daniel Alves, que é agora uma das duas alternativas (ao lado de Eder Militão) para suprir a ausência do também lesionado Danilo, por outro, ele garantiu que a seleção tenha uma fartura enorme de opções para o setor ofensivo.

Se quiser um jogador com mais características de armação, o técnico brasileiro pode lançar mão de Rodrygo - o atacante do Real Madrid tem treinado na posição de Neymar (hoje praticamente um camisa 10). Se a alternativa for trazer um jogador de drible e velocidade, tem à disposição o próprio Rodrygo, Antony ou Gabriel Martinelli. Se for lançar mão de alguém capaz de atuar mais centralizado, Pedro e Gabriel Jesus desempenham o papel: o segundo ainda pode atuar também aberto dos lados do campo.

No total, contando com Neymar, são nove nomes para o setor ofensivo. O ataque foi privilegiado pelo treinador na convocação, que tem três goleiros, quatro laterais, quatro zagueiros e seis meio campistas.

Também em um contraste em relação aos dois últimos mundiais, praticamente todos os atacantes de Tite em 2022 atuam por clubes europeus de ponta e estão em alta no Velho Continente. Vini Jr. é uma das estrelas do Real Madrid, e Rodrygo também foi fundamental na conquista da Champions League; Jesus e Martinelli são destaques de um Arsenal que lidera a Premier League; Raphinha e Antony chacoalharam o mercado da bola e foram contratações bilionárias de Barcelona e Manchester United, respectivamente. Pedro é o único que atua no Brasil, no Flamengo, campeão da Libertadores.

Tite ainda não deu qualquer pista sobre como pretende substituir Neymar, que sofreu uma entorse no tornozelo direito na estreia do Brasil diante da Sérvia. Na verdade, o treinador optou por fechar o treinamento deste sábado para não mostrar as alternativas estudadas.

Neymar está fora da partida de segunda-feira, diante da Suíça, no estádio 974. Danilo, que também lesionou o tornozelo - no seu caso, o esquerdo -, também será desfalque.

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