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Tornozelo que provoca choro e ameaça Copa de Neymar virou trauma recorrente

Do UOL, em Doha

25/11/2022 04h00

Classificação e Jogos

A estreia do Brasil na Copa do Mundo do Qatar vinha superando as expectativas: com autoridade, a seleção derrotava a Sérvia por 2 a 0, sem dar qualquer chance para o adversário no estádio Lusail. Aos 34 minutos do segundo tempo, entretanto, uma cena gerou apreensão na torcida: Neymar, que atuou pelos 90 minutos em todas as vezes que esteve em campo nas Eliminatórias, foi substituído. No banco de reservas, foi às lágrimas enquanto fazia gelo no tornozelo direito, inchado após uma entorse.

A cena foi uma espécie de déja vu para um jogador que foi atormentado por lesões desde 2018. Mais especificamente, o principal foco do tormento do camisa 10 brasileiro, seu tornozelo direito. Desde que fraturou o quinto metatarso do pé direito, em fevereiro de 2018, o atacante viu essa parte do seu corpo se transformar em um problema recorrente, que mais de uma vez o levou ao choro e o deixou de fora de momentos cruciais da carreira.

Foi assim já em 2018. A fratura no osso, que é ligado ao tornozelo, foi acompanhada por uma entorse no próprio tornozelo. A condição não o tirou da Copa da Rússia, mas impediu que ele estivesse 100% na busca pelo hexa. Meses depois, em março de 2019, o próprio Neymar, em entrevista à Globo, detalhou que havia rompido ligamentos no local e que a lesão o forçou a jogar o Mundial longe das condições ideais.

O problema se repetiu em 2019, primeiro em janeiro, com uma nova fratura no mesmo osso, o quinto metatarso do pé direito. Neymar se recuperou a tempo para a disputa da Copa América, em junho, mas na reta final da preparação sofreu outra entorse. O palco foi um amistoso contra o Qatar, anfitrião da Copa de 2022, em Brasília. O camisa 10 desabou aos prantos, e acabou cortado da competição, no que seria o segundo título dele na seleção principal desde 2011, quando se tornou a peça central do time brasileiro. No currículo, a Copa das Confederações 2013 e o ouro olímpico de 2016.

No total, as lesões no quinto metatarso e no tornozelo direito o deixaram fora de combate por 238 dias. Ainda em 2019, poucos meses depois do corte na Copa América, a condição do atacante entrou no radar da CBF. Na época, uma fonte importante na cúpula da entidade relatou ao UOL o diagnóstico de que havia ligação entre as fraturas e as lesões no tornozelo. A base do quinto metatarso fica próxima ao tornozelo e é conectada a ligamentos da região.

Neymar mostra tornozelo inchado depois de Brasil x Sérvia, na estreia da seleção na Copa do Mundo - REUTERS/Molly Darlington - REUTERS/Molly Darlington
Neymar mostra tornozelo inchado depois de Brasil x Sérvia, na estreia da seleção na Copa do Mundo
Imagem: REUTERS/Molly Darlington

Ao contrário do que acontece com o joelho, as lesões ligamentares de tornozelo raramente são tratadas com cirurgia de reconstrução. A alternativa, na maioria dos casos, é um trabalho com tratamentos conservadores, fortalecimento e prevenção de movimentos causadores dos traumas. Foi assim com o craque brasileiro.

Já havia, entretanto, na CBF, a noção de que o local poderia ser um foco de problemas futuros para seu principal jogador, considerando que, pelas características de jogo e pelo protagonismo nas construções ofensivas tanto pelo Brasil quanto pelo PSG, ele é alvo frequente de faltas e entradas mais duras dos adversários.

Depois disso, Neymar sofreu também com contusões no tornozelo esquerdo, em 2020 e 2021. As lesões no local se tornaram o ingrediente principal em um calvário que, há quatro anos, acompanha o jogador. Desde que se transferiu ao PSG em 2017 na maior transação da história do futebol, o astro brasileiro só rompeu a barreira dos 31 jogos uma vez, na temporada 2020-2021. A título de comparação, no mesmo período, Lionel Messi superou os 50 jogos por três vezes; Cristiano Ronaldo sempre atuou mais de 40 vezes por temporada.

Neymar chegou à Copa do Qatar em um dos melhores momentos técnicos dos últimos anos, e vinha comandando o PSG com 15 gols em apenas 20 jogos. Pela seleção, ostenta a marca de 75 gols, a apenas dois de igualar Pelé como maior artilheiro da história da camisa amarela. Logo na estreia, entretanto, o seu maior adversário nos últimos anos voltou para assombrá-lo.

"Pelos últimos anos, ele vem sofrendo com esse tipo de situação sempre no momento mais importante da temporada. Acho que passa isso tudo na cabeça dele [Neymar], por isso vocês puderam observar a preocupação no semblante. Espero que não seja nada demais, que o inchaço possa diminuir nessas próximas 24 horas", disse o capitão Thiago Silva.

Neymar permanecerá em observação no Qatar nas próximas horas. Logo depois da partida, a seleção evitou fazer um diagnóstico prematuro sobre a lesão. "Neymar teve entorse no tornozelo direito. Apresentou edema, inchaço, iniciamos tratamento já no banco. Precisamos aguardar 24 ou 48 horas para ter uma ideia mais clara. A expectativa é de observação, qualquer coisa que falarmos agora sobre a sequência dele é prematura, é importante aguardar", disse o médico Rodrigo Lasmar.

O Brasil retoma nesta sexta-feira sua rotina de treinos no Grand Hamad Stadium, campo base durante a Copa do Qatar. O próximo confronto é na segunda-feira, diante da Suíça, no estádio 974, às 13h de Brasília.

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O UOL News Copa analisa a vitória da Seleção Brasileira, a lesão de Neymar, Richarlison se tornando ídolo, os primeiros países classificados e mais notícias do Mundial. Confira: