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Jesus se desdobra em campo, mas atinge jejum inédito após 11 Copas do Mundo

Gabriel Jesus encara a bola na partida entre Brasil e Sérvia: atrás do primeiro gol - REUTERS/Carl Recine
Gabriel Jesus encara a bola na partida entre Brasil e Sérvia: atrás do primeiro gol
Imagem: REUTERS/Carl Recine

Danilo Lavieri, Dassler Marques, João Henrique Marques, Pedro Ivo Almeida e Ricardo Perrone

Do UOL, em Sochi (Rússia)

29/06/2018 04h00

Marca registrada de Gabriel Jesus, o "alô Mãe" ainda não apareceu na Rússia. Artilheiro da seleção brasileira na era Tite com dez gols na companhia de Neymar, ele vive um jejum incomum na história dos camisas 9 do Brasil em Copas do Mundo. E ainda mais surpreendente para um dos candidatos a destaque da equipe.

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Pela primeira vez desde 1970, portanto 11 Mundiais, um centroavante titular do Brasil termina a fase de grupos sem ir às redes. Naquele Mundial, o homem mais avançado do ataque era Tostão, que taticamente recebia a incumbência de atuar como um armador. Jesus, à sua maneira, também tem tentado contribuir de outras formas. 

Diferentemente dos dois primeiros jogos, contra Suíça e Costa Rica, Jesus teve mais oportunidades diante da Sérvia. Foram pelo menos duas chances de gol, mas as redes não balançaram. E embora trabalhe muito na marcação e em outros momentos se prenda entre os zagueiros para tentar criar espaços para os colegas, Gabriel não encontrou tantas situações favoráveis para eliminar esse jejum. 

De acordo com dados da Fifa, Jesus teve seis oportunidades de finalização, número inferior ao de Coutinho, com sete, e de Neymar, com 18. Mesmo sendo o caçula do elenco, Gabriel tem tentado transparecer tranquilidade. Ele recebeu um voto de confiança de Tite e jogou 180 minutos nas últimas duas partidas.  

"Sem ansiedade nenhuma. Estou focado. Muito focado. Lógico que vestir a camisa da seleção, com tanto peso, de referências que temos no nosso futebol, você vai ser questionado por gols, mas acredito que venho fazendo boas partidas, tirando a primeira que é normal de estreia. Eu venho querendo ajudar com gols, mas quando não sai a oportunidade de fazer gols, eu vou ajudar de alguma maneira", frisou depois da vitória sobre a Sérvia. 

Na mesma entrevista, Jesus chegou a abordar as contribuições ao time. "Muitas pessoas não observam isso e eu não tenho que ficar falando o que faço ou deixo de fazer em questão de tática. Se for pegar, desde o Palmeiras, sou um atleta que taticamente acredito ter evoluído. Eu entendo bem. Eu sempre deixei muito no ar que eu ajudo de qualquer maneira. Eu fui de lateral esquerdo enquanto o Filipe não entrava. Acho que ajudando um ao outro as coisas acontecem naturalmente", complementou. 

E Gabriel Jesus, na gestão atual, é muito mais que um simples camisa 9. Artilheiro e grande descoberta do treinador, ele chegou à Rússia como uma das grandes estrelas da companhia, ao lado de Neymar e do próprio Tite. A expectativa de que os dois formassem uma dupla histórica, por enquanto, não se converteu em realidade. Nada que seja definitivo, no entanto. 

O roteiro da Rússia é muito similar ao da Olimpíada, mas Gabriel Jesus tenta não se abalar como demonstrou há dois anos. Naquela competição, estreou como centroavante e, em jogo no qual o Brasil empatou sem gols na estreia, perdeu a oportunidade mais clara do Brasil. A situação preocupou o então treinador Rogério Micale, que tentou à base de conversas restabelecer a confiança dele. O gol surgiu na terceira partida, com ele já como ponta esquerda.

Tite deve dar mais um voto de confiança para Gabriel Jesus nas oitavas de final, diante do México, apesar do desempenho recente de Roberto Firmino colocar dúvidas. Depois do jogo contra a Sérvia, como é praxe, o treinador elogiou sua dupla.  

"Artilheiro vive de fazer um grande jogo", respondeu Tite quando perguntado se centroavante vivia de gols. "Por vezes, surge para ele uma bola terminal. Por vezes, um volume grande traz a bola parada e o Thiago [Silva] faz. São coisas que nos remetem a refletir e pensar. Ele tem essa condição", analisou, antes de falar do concorrente.  

"Uma das coisas que mais me drena como técnico, a maior delas, é deixar atleta de qualidade fora. Firmino está jogando muito e não tivemos a oportunidade de colocar em campo. Falei ‘preparem-se’ e daqui a pouco vai para dentro do jogo e daqui a pouco se estabelece", concluiu.  

Confira o número de gols dos centroavantes brasileiros em primeiras fases: 

Fred – 1 gol em 2014
Luis Fabiano – 2 gols em 2010
Ronaldo – 2 gols em 2006
Ronaldo – 4 gols em 2002
Ronaldo – 1 gol em 1998
Romário – 3 gols em 1994
Careca - 2 gols em 1990
Careca – 3 gols em 1986
Serginho – 1 gol em 1982
Reinaldo – 1 gol em 1978
Jairzinho – 1 gol em 1974
Tostão – nenhum gol em 1970 (Tostão atuava como falso centroavante, com mais participação na organização de jogadas)