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Dono do meio, Casemiro arma, desarma e impressiona por conteúdo tático

Casemiro, do Brasil, divide a bola com o atacante Aleksandar Mitrovic, da Sérvia - Axel Schmidt/Reuters
Casemiro, do Brasil, divide a bola com o atacante Aleksandar Mitrovic, da Sérvia
Imagem: Axel Schmidt/Reuters

Danilo Lavieri, Dassler Marques, João Henrique Marques, Pedro Ivo Almeida e Ricardo Perrone

Do UOL, em Sochi (Rússia)

29/06/2018 16h57

Classificado para as oitavas de final da Copa do Mundo, o Brasil é uma das seleções que menos vê o seu goleiro trabalhar. Baseado em um sistema em que todos têm sua responsabilidade defensiva, o time encontra em Casemiro seu ponto de equilíbrio.

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O camisa 5 é um pilar da equipe de Tite, dentro e fora das quatro linhas. Em campo, de acordo com estatísticas da Fifa, o volante é quem mais dá combate na seleção, ao lado de Fagner. Ele também é o que mais ganha jogadas aéreas, empatado com Miranda.

Casemiro ainda é o que mais recupera bolas, com 25 intervenções. Aqui, cabe uma observação: justamente por ser eficiente como cão de guarda, ele vê seus defensores sendo bem menos exigidos e tocando mais na bola para começar as jogadas do que para defender.

Casemiro jogada aérea - REUTERS/Leonhard Foeger  - REUTERS/Leonhard Foeger
Casemiro é dono do meio-campo do Brasil
Imagem: REUTERS/Leonhard Foeger
"Quero deixar claro que na posição defensiva não são os quatro [zagueiros e laterais] e o primeiro volante que têm importância. O poder defensivo do Brasil começa no Gabriel [Jesus]. Os 11 dentro de campo defendem e os 11 atacam. Não podemos tirar o mérito", argumentou o camisa 5.

"Meu trabalho é dar equilíbrio para a equipe e sei disso. Meu pensamento é ajudar a equipe na construção de jogo e dar equilíbrio defensivo. E se sair um gol [meu] ajudaria muito. Um de cabeça ou de fora da área me ajudaria muito", completou ele, aos risos.

Casemiro, de fato, tem sido fundamental na armação. Ele é o segundo que mais dá passes na equipe, perdendo apenas para Philippe Coutinho. E não são passes de lado ou para trás: o atleta do Real Madrid é o terceiro que mais dá passes para frente, atrás de Marcelo e Miranda, e à frente de nomes como Neymar e Paulinho.

Por fim, ainda no campo ofensivo, Casemiro tem a impressionante marca de ter finalizado mais do que Gabriel Jesus e Willian durante toda a Copa. A dupla, inclusive, tem sido bastante questionada. Neste quesito ele fica, mais uma vez, só atrás de Neymar e Philippe Coutinho.

Essa estabilidade faz “Casão”, como é chamado por alguns da delegação, não ter sua posição questionada. Paulinho, por exemplo, tem sido substituído de maneira rotineira e mostrou irritação por ser cobrado por não desempenhar um papel de protagonista.

Willian tem seu nome na berlinda e ganhou respiro como titular porque Douglas Costa se machucou. Até mesmo Philippe Coutinho, único atleta que deu assistência ou fez gol em todos os jogos da primeira fase, já ouviu discussões se seu rendimento melhoraria ao cair mais pelas pontas do que atuando pelo meio.

Casemiro tem abertura com a comissão técnica para dar pitacos táticos - Pedro Martins/MowaPress - Pedro Martins/MowaPress
Casemiro tem abertura com a comissão técnica para dar pitacos táticos
Imagem: Pedro Martins/MowaPress

Casemiro ajuda comissão com pitacos táticos

Fora de campo, Casemiro ainda impressiona a comissão pelo seu conhecimento tático. Logo no segundo jogo da Era Tite, contra a Colômbia, pelas Eliminatórias, ele foi bastante elogiado por dar sugestões de como preparar a equipe para enfrentar o adversário com James Rodríguez, que poderia atuar mais centralizado ou caindo pelas pontas.

Contra o Uruguai, em Montevidéu, também nas Eliminatórias, o volante percebeu uma forma de melhorar o time de acordo com a atuação do adversário. Tite ouviu, deu orientações aos demais atletas e viu a equipe virar e vencer por 4 a 1, em pleno estádio Centenário. Nesta sexta-feira, ele acenou positivamente com a cabeça quando questionado sobre os conselhos que deu, mas não quis revelar o conteúdo deles.

"Eu não vou falar, porque são coisas nossas. Mas eu sempre falo que por trás de uma comissão tem que ter grandes profissionais. A seleção está muito bem servida. São pessoas que têm um bom diálogo. Você tem liberdade de trocar ideias, são pessoas com cabeça aberta. Então tem que valorizar isso, sim", analisou.