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OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Perrone: Polêmica sobre lance de Léo Pereira é fruto de regra confusa

Possível mão de Léo Pereira irritou jogadores do Corinthians na final contra o Flamengo; pênalti não foi marcado - Reprodução/Twitter
Possível mão de Léo Pereira irritou jogadores do Corinthians na final contra o Flamengo; pênalti não foi marcado Imagem: Reprodução/Twitter

13/10/2022 12h59

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A polêmica sobre se o árbitro o Bráulio da Silva Machado, com o aval do VAR, acertou ao não marcar pênalti de Léo Pereira a favor do Corinthians só mostra como a regra atual é confusa. Ela mais atrapalha do que ajuda.
Você já deve ter lido e ouvido de tudo sobre a jogada mais comentada da primeira partida da final da Copa do Brasil, o empate sem gols entre Corinthians e Flamengo nesta quarta (12), na Neo Química Arena.
Entre ex-árbitros que comentam arbitragem as opiniões são divergentes. O mesmo acontece com jornalistas e torcedores.
Nas redes sociais, lances de outras partidas foram resgatados para defender que foi ou não pênalti.
Não há consenso porque a regra não foi formulada com simplicidade.
Depois de ver o lance várias vezes, recorri ao site da International Football Association Board (IFAB), a guardiã das regras do futebol.
Lá encontrei esse monstrengo no tópico "tocar a mão na bola":
"Considera-se infração se um jogador:
- tocar deliberadamente a bola com a mão/braço, por exemplo movendo a mão/braço na direção da bola.
- tocar a bola com a mão/braço quando isso cria uma volumetria de forma não natural. Um jogador é considerado como tendo o seu corpo em volumetria de forma não natural quando a posição da sua mão/braço não é consequência ou justificável com a sua movimentação corporal para aquela situação específica. Por ter a sua mão/braço em tal posição, o jogador corre o risco de a sua mão/braço ser atingido pela bola e ser penalizado".
Olha quanta coisa entrou na discussão: "volumetria de forma não natural", "posição corporal", "consequência não justificável".
Antigamente era bem mais simples: o juiz simplesmente decidia se foi bola na mão ou mão na bola. A questão era se havia a intenção de tocar a bola com a mão ou não.
A fórmula era mais subjetiva, mas gerava menos ruído, pois era mais compreensível.
A prova de que o modelo atual é confuso está não só nas opiniões sobre o lance de Léo Pereira. Outro comprovante é a falta de critério dos árbitros na marcação dos pênaltis.
Jogadas como as do jogo em Itaquera terminaram em pênalti em outras partidas. Isso confunde o torcedor.
Quem defende que não foi pênalti do jogador do Flamengo afirma que ele fez um movimento natural, resumindo o que diz a regra.
De fato, não parece existir um gesto forçado dele para bloquear a bola.
Só que outros lances parecidos tiveram interpretações diferentes. Em 2020, por exemplo, o corintiano Lucas Piton, que estava de costas para a bola, não demonstrou fazer um movimento não natural, mas foi marcado pênalti para o América-MG. O jogo terminou 1 x 1, e o Alvinegro foi eliminado da Copa do Brasil.
Nos velhos tempos do "bola na mão" seria difícil alguém pedir pênalti nos dois lances.
Pelo bem da saúde mental de todos que atuam no futebol a International Board deveria reconhecer que do jeito que está não funciona e buscar tornar a regra mais simples.

Assista ao vídeo da Live do Corinthians no canal do UOL Esporte no YouTube, com Perrone e Vitão, após Corinthians 0 X 0 Flamengo.