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OPINIÃO

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David Coimbra, que escreve suave como beijo de mãe, diz adeus

David Coimbra - Reprodução/Facebook
David Coimbra Imagem: Reprodução/Facebook

27/05/2022 12h46Atualizada em 27/05/2022 12h54

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David Coimbra morreu aos 60 anos. Lutava contra um câncer desde 2013. Para travar a luta inglória, chegou a buscar tratamento alternativo em Boston.

Eu sou fã de David. Ele escreve como ninguém. Faz comparações maravilhosas. O Rei das Metáforas.

Em 2008, pedi a muitos colegas um texto sobre o tema: "O craque da minha vida".

E David escreveu sobre Rivellino. Não achei o texto completo, mas aí vai um aperitivo.

O David escreve com a mesma facilidade com que eu como torresmo. Sem erro, rápido e em quantidade. Parei de comer torresmo, mas o David vai continuar escrevendo por muito tempo. A metáfora com que comecei o texto é uma tentativa de brincadeira com o estilo do gaúcho, editor do Zero Hora.

As deles são fantásticas. Vejam um exemplo:

Com seus lançamentos, ele consagrou um ponta tosco, o Gil, chamado Búfalo Gil porque não passava disso mesmo: força e velocidade, feito um boi. Lá da intermediária de defesa, o Riva dominava a bola e a fazia atravessar o campo numa viagem de 60 metros sobre as cabeças pasmadas dos jogadores dos dois times. A bola aterrissava sempre no pé direito do Gil, suave como beijo de mãe, e o Gil investia área adentro e dava um chute seco, à meia-altura, e fazia o gol do Flu. Com Rivellino, Gil foi para a Copa do Mundo. Sem Rivellino, Gil percorreria todos os dias a Avenida Atlântica, do posto 1 ao posto 6, com uma vassoura na mão, trabalhando de gari"

Assim escreve o David.

Desculpem, mas ainda não consigo falar dele no passado