Cuca: talento impulsionado por sociedade e imprensa machistas
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O trabalho de Cuca no Santos merece todos os elogios. Está novamente em uma final de Libertadores, após vencê-la em 2013, com o Galo. E venceu o Brasileiro em 2016, com o Palmeiras.
Mas e se a sociedade civil fosse, em 1987, organizada como é hoje? Se as mulheres tivessem voz como têm hoje? E se houvesse redes sociais como há hoje?
1987?
Sim, 1987. Dia. 30 de julho. Cuca, então jogador do Grêmio, foi preso em Berna, na Suíça, acusado juntamente com os companheiros Henrique, Fernando e Eduardo, de estupro de Sandra Pfaffli, uma garota de 13 anos.
Ela disse que foi no quarto 204, onde estavam os jogadores, para pedir um souvenir e que foi agarrada e estuprada.
A defesa recorreu à velha tática de culpar a vítima. Ela teria aspecto de 28 anos e teria tirado a blusa para ganhar uma camisa.
A imprensa gaúcha abraçou a tese da defesa. "Quem é estuprada, não grita? E se grita, ninguém ouve"? perguntava um colunista do Zero Hora. Os jogadores foram chamados de "doces devassos submetidos a um choque cultural"
Os jogadores ficaram presos por 28 dias. E depois, foram condenados a penas que não cumpriram por não haver extradição. As penas prescreveram após 15 anos.
Hoje, a carreira de Cuca teria terminado. O clube não manteria contrato, os patrocinadores não aceitariam proximidade com um suposto estuprador, a imprensa não seria tão machista e o justo clamor das mulheres, amplificado pelas redes sociais, seria ouvido. Víde Robinho.
O Brasil mudou. Hoje, não há lugar para supostos estupradores. Muito menos para os condenados.
Mesmo os talentosos como Cuca.
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