Mão de Deus levou Maradona
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Meu último ídolo morreu hoje. O penúltimo, há quatro anos. Na mesma data.
Estou muito triste, mas estava preparado há tempos. Desde 2006, quando ele ficou dias internados e se recuperou. E disse que viu "o Barba" e que se recuperaria. Como ele acreditava, eu o homenageio com o título do post.
Gostar de Diego jogando bola é fácil. Ele joga como jogava nos campinhos de terra. Os mesmos campinhos em que a gente jogava. Alguns, com dribles, outros com o dedão do pé machucado.
É o futebol lúdico. Futebol como brincadeira. Sem táticas, sem mapa de calor, sem GPS. Como explicar Maradona taticamente? Maradona era o "toco y me voy". Era o deixa comigo. Era, como a gente fala em Aguaí, "joga no mim".
O segundo contra os ingleses é pura poesia. Recebe o passe de Henrique e vai em frente, deslizando como uma cobra venenosa, imparável, driblando ingleses sem nome.
Se o segundo é uma ode ao futebol, o segundo é um grito de amor à Argentina. Um gol de mão, a mão de Deus, contra os invasores.
Gostar de Maradona fora de campo é difícil. Ele desafina e desafia a banda dos contentes. Ele é a ovelha negra da família.
Um rebelde com muitas causas. Um aliado de Lula. De Maduro. De Fidel. Da Palestina. Estava sempre junto dos transgressores como ele.
Fez Napoli torcer pela Argentina. Fez Alemão de bobo e deu aquele passe para Caniggia. Fez o gol de luva, fez alegria virar coisa corriqueira. Para nós, os maratonistas.
Viveu intensamente. Viveu o vício. O coração cobrou a conta.
Hoje, estamos tristes. Outros, os bichos escrotos que saíram dos esgotos, estão felizes. Se tiverem um mínimo de dignidade, que vão curtir sua felicidade em outro canto da terra plana.
PS - Fui vítima da inteligência de Maradona. Em 1993, Brasil e Argentina se enfrentariam em Recife. Ele, que se preparava para voltar, acompanhou o time de Basile.
Estava muito fora de forma.
Parou para conversar com uma roda de jornalistas.
E eu perguntei.
Quantos quilos você está pesando?
Bem menos que você, gordito.
Fecha o pano.
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