Não é só futebol, Roni e Mano
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O treinador consagrado, chegando aos 60. O garoto cheio de sonhos, saindo dos 20. Mano Menezes e Roni se encontraram em Itaquera, cada um de um lado, unidos na velha máxima "não é só futebol".
Unidos na alegria e na tristeza, como no casamento, como na vida.
Para Mano, só tristeza. E não apenas pela segunda derrota seguida em dois jogos. É o de menos, não é muito comum em sua carreira, mas dá pra levar.
A tristeza vem da separação definitiva de um amigo, Dudu, preparador físico com quem trabalhou por muito tempo. Morreu aos 49 anos. No dia do jogo.
Mano parecia o mesmo: sanguíneo, falando sem parar com os árbitros, reclamando de tudo. Mas não era o mesmo. Nunca mais será. Sempre haverá a saudade do amigo que se foi. Para ele, o 3 x 2 contra o Corinthians será o jogo do Dudu. A notícia veio após a derrota. A confirmação do que ele já esperava. E previa.
Roni entrou em campo como um veterano. Gritando com os companheiros, nenhuma inibição pela estreia. Livre e solto por estar cumprindo, enfim, a promessa feita ao irmão Tupã.
Revelação da base palmeirense, Tupã nem estreou no profissional. Um problema cardíaco impediu. Amargurado, foi jogar na várzea, ganhar jogo a jogo. E sonhando ainda com o profissionalismo. Não houve final feliz. Morreu.
Em algum momento, Roni, bem mais novo, lhe garantiu que cuidaria dos pais. Daria uma casa a eles. O dinheiro viria da bola. Tupã sorriu com a ousadia do moleque abusado? Morreu mais tranquilo com a promessa? Ninguém sabe.
A promessa foi cumprida, com gol e tudo.
Roni fez um gol e se lembrou da promessa feita ao irmão morto. Foi fundamental na derrota de Mano, que chorava o amigo morto.
Alegria e tristeza de Roni. Só tristeza de Mano.
Alegria e tristeza.
É a vida.
Alegria e tristeza.
É o futebol.
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