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Adeus, Vadão, inventor do carrossel e da gentileza

REUTERS/Jean-Paul Pelissier
Imagem: REUTERS/Jean-Paul Pelissier

25/05/2020 15h12

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Morreu Osvaldo Alvarez, o Vadão. Uma das pessoas mais amáveis que conheci na minha carreira. Falava baixo, falava pouco, ouvia muito. Nunca recusou uma entrevista a ninguém. Ah, os tempos em que para entrevistar um jogador não era preciso pedir autorização a 253 assessores de imprensa, como hoje...

Foi o inventor do carrossel caipira no Mogi Mirim, com Válber, Rivaldo, Capone, Leto, Admilson etc.

Teve suas chances no Corinthians e São Paulo e não se formou. Dirigiu a Portuguesa, São Caetano, Sport, mas se tornou mesmo a cara do Derby, comandando o Guarani cinco vezes e a Ponte, quatro.

Comandou a seleção feminina na Olimpíada-16, ficando em quarto lugar. Sua segunda passagem foi muito ruim. Foi criticado duramente e com razão. Os resultados eram péssimos, nove derrotas seguidas. Estava no mesmo caminho da antecessora.

Duas críticas me chamaram a atenção.

Quando assumiu em lugar de Emily Lima, disseram que "os churrascos" voltariam. Imagino um churrasco com Vadão. Quantos "causos", quanta integração! A crítica mostra que não há mais espaço para conversa no futebol, que o importante é falar de tática. E sonhar com elas.

A segunda crítica não continha palavras. Era uma foto com Vadão dando entrevista. Um pouco atrás, uma repórter segura o gravador e revira os olhos. Uma crítica imagética, digamos assim. Todo o respeito, toda a humildade de Vadão recebia em troca um par de olhos revirados.

Não havia espaço para as conversas de Vadão.

Não havia espaço para simpatia e respeito com Vadão.

Não havia mais espaço para Vadão.