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Laudo Natel, o último cardeal de um clube que hoje mal paga as dívidas

25.ago.2014 - Ex-governador Laudo Natel chega ao velório do empresário Antônio Ermírio de Moraes, no salão nobre do Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo (SP), na manhã desta segunda-feira (25). O presidente de honra do Grupo Votorantim faleceu aos 86 anos, na noite deste domingo (24), em sua residência, de insuficiência cardíaca - Marcos Bezerra/Futura Press/Estadão Conteúdo
25.ago.2014 - Ex-governador Laudo Natel chega ao velório do empresário Antônio Ermírio de Moraes, no salão nobre do Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo (SP), na manhã desta segunda-feira (25). O presidente de honra do Grupo Votorantim faleceu aos 86 anos, na noite deste domingo (24), em sua residência, de insuficiência cardíaca Imagem: Marcos Bezerra/Futura Press/Estadão Conteúdo

18/05/2020 16h28

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A morte de Laudo Natel deixa o São Paulo órfão de grandes dirigentes. Ele foi, ao lado de Cícero Pompeu de Toledo e de Juvenal Juvencio, os três grandes responsáveis pela grandeza do clube.

Cícero Pompeu de Toledo foi o presidente que sonhou com a construção de um grande estádio. Laudo Natel foi o escolhido para colocar o sonho em pé.
Escolha mais acertada, impossível. Laudo era um homem pragmático, diretor do Bradesco com apenas 30 anos de idade.
E foi ousado. Vendeu um sonho. Vendeu cativas, títulos patrimoniais, campanha para conseguir cimento, parcerias com empresas.
As obras começaram em 1952 e terminaram em 1970. No ano seguinte, Laudo foi eleito governador de São Paulo, por via indireta. Antes, por oito meses, havia completado o mandato de Adhemar de Barros, cassado pela Ditadura. O estádio havia sido inaugurado em 1960. As datas mostram que Laudo, como governador, não ajudou na construção do estádio, como se diz.

O Laudo capaz de dar forma a um sonho existiu apenas no futebol. Como político, foi medíocre. Fez carreira nas sombras da Ditadura, sem voto popular. Discreto, sem poder de articulação, foi
atropelado por Paulo Maluf nas prévias da Arena em 78 e por Reynaldo de Barros em 1982, nas prévias do PDS.

Se o estado de São Paulo tem pouco o que recordar de Laudo, o São Paulo tem todos os motivos para chorar pela partida de seu patrono. É o fim concreto de uma era, cujos valores já haviam terminado. O São Paulo de hoje não tem sonhos. E, se tiver, não tem quem os realize. Mal paga suas dívidas