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Marcel Rizzo

REPORTAGEM

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Marrocos derruba os dois países que rejeitaram sua candidatura à Copa-2030

Seleção de Marrocos é a grande sensação da Copa do Mundo do Qatar e está na semifinal da competição   - KIRILL KUDRYAVTSEV / AFP
Seleção de Marrocos é a grande sensação da Copa do Mundo do Qatar e está na semifinal da competição Imagem: KIRILL KUDRYAVTSEV / AFP

Colunista do UOL

12/12/2022 04h00

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Em junho de 2022, a candidatura europeia para a Copa do Mundo de 2030 recebeu a sugestão de incluir Marrocos como terceira sede para a competição. Espanha e Portugal, com apoio da Uefa (União Europeia de Futebol), rejeitaram a sondagem informal de membros da Fifa.

Seis meses depois, a seleção marroquina eliminou primeiro a Espanha, nas oitavas da Copa do Qatar, e depois Portugal, nas quartas, se tornando o primeiro país africano a alcançar uma semifinal de Copa do Mundo. Nesta quarta-feira Marrocos enfrenta a França, às 16h de Brasília.

A sugestão informal da Fifa foi feita em um momento que o atual presidente, Gianni Infantino, buscava apoio de federações nacionais para barrar qualquer candidatura de oposição na eleição que ocorrerá em março de 2023. Ele conseguiu suporte em bloco da África, da América do Sul e da Ásia e será reeleito daqui a três meses para um mandato de mais quatro anos.

Marrocos é o país que mais vezes tentou ser sede de uma Copa, sem conseguir: foram candidaturas derrotadas para 1994, 1998, 2006, 2010 e 2026. Nesta última perdeu para EUA, México e Canadá, na primeira competição que será organizada por três países.

Se Marrocos entrasse no combo de Portugal e Espanha, seria a primeira vez que uma Copa seria disputada em dois continentes diferentes, Europa e África, e a segunda em solo africano — em 2010 o torneio ocorreu na África do Sul. Geograficamente faria sentido, já que Marrocos está separado da Espanha pelo estreito de Gibraltar — os europeus não quiseram abrir conversa.

No início de outubro, Espanha e Portugal anunciaram que incluíram a Ucrânia como sede candidata a 2030. Os ucranianos estão desde fevereiro em guerra contra a Rússia, que invadiu seu território. A Europa ocidental ficou do lado da Ucrânia e a indicação é uma maneira de presentear o país, já que se espera que daqui oito anos o confronto esteja terminado.

A movimentação agradou a Fifa, apesar do não recebido por Marrocos meses antes. E preocupou a Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol), que patrocina uma candidatura quádrupla da América do Sul com Argentina, Uruguai, Chile e Paraguai. Hoje, o principal trunfo da Conmebol é fraco: resgate histórico para comemorar os 100 anos da Copa do Mundo na terra onde tudo começou. A final do Mundial no projeto seria no estádio Centenário, no Uruguai, país que recebeu a primeira edição do torneio de seleções da Fifa.

A sede da Copa de 2030 será definida no Congresso da Fifa em 2024, em local a se definir. A cúpula da entidade, oficialmente, não tem ingerência na decisão, que cabe ao voto das 211 associações filiadas. É função da federação internacional montar o caderno de encargos, com as exigências aos países candidatos, e envio dos especialistas para as inspeções. Os relatórios são elaborados e repassados aos filiados, e mesmo uma candidatura que tenha avaliação pior do que outra pode ganhar, caso seja a mais votada.