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Marcel Rizzo

Flamengo era sonho e pesadelo de Sampaoli, que sempre quis ficar no Brasil

Presidente Sérgio Sette Câmara e Jorge Sampaoli, novo técnico do Atlético-MG - Atlético-MG/Divulgação
Presidente Sérgio Sette Câmara e Jorge Sampaoli, novo técnico do Atlético-MG Imagem: Atlético-MG/Divulgação

Colunista do UOL

02/03/2020 13h45

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Em novembro passado, quando os rumores de que Jorge Sampaoli não ficaria no Santos em 2020 cresceram, quem frequentava o mesmo ambiente do treinador sabia que ele queria permanecer no Brasil a trabalho. Primeiro porque gostou de morar no país, segundo que havia tempos não era tratado com idolatria, mesmo com as rusgas que teve com o presidente santista, José Carlos Peres.

Pois esses mesmos amigos estranharam quando, na sequência, Sampaoli dificultou acordos com Palmeiras e Atlético-MG ainda no fim de 2019, dois times com parceiros fortes e potencial para investimentos. Dificultar o acerto foi a palavra mais usada dos dois lados da mesa: pedidos exorbitantes que, a quem está acostumado a botar no papel cláusulas de contrato de treinadores, dava a impressão que Sampaoli queria esperar.

Esperar o quê? Menon, em seu blog no UOL Esporte, escreveu o que se falava nos bastidores: Sampaoli esperava o Flamengo. O colunista do UOL Renato Mauricio Prado avançou e escreveu que a briga política no clube do Rio entre os vices Marcos Braz e Luiz Eduardo Baptista, o Bap, poderia levar Sampaoli ao Flamengo com eventual desgaste e saída de Jorge Jesus.

E Jesus pode explicar muito porque Sampaoli, enfim, acertou com um clube brasileiro, o Atlético-MG, que voltou a procurá-lo depois de demitir o venezuelano Dudamel. Cresceram nos últimos dias os indícios de que Jesus vai renovar com o Flamengo — o contrato acaba em maio próximo. O técnico português parece mais propenso ao acerto quando vê chegando o fim da temporada europeia, talvez por não olhar no horizonte perspectivas de dirigir um grande clube na Europa a curto prazo, ou mesmo porque vê no Flamengo seu porto seguro com o domínio que exerce hoje no país

Não há acerto iminente entre Flamengo e Jesus, mas qual a certeza que teria Sampaoli de ficar sentado esperando mais alguns meses? Nenhuma. E no Atlético-MG ele pode ter algo que não teria no Palmeiras, por exemplo, e muito pela incompetência dos mineiros com eliminações nesse início de 2020: paz para priorizar o Campeonato Brasileiro.

Sem torneios eliminatórios pela frente, como Copa do Brasil e Copa Sul-Americana, Sampaoli poderá centrar forças no Nacional e tentar bater de frente com o Flamengo. Para isso pediu cinco reforços ao presidente atleticano, Sérgio Sette Câmara, que com dinheiro de BMG e MRV deve fazer acontecer.

No início de janeiro, quem convivia com Sampaoli dizia ter constado até um desânimo dele em continuar no Brasil por achar que o Flamengo criaria uma hegemonia imbatível pelos próximos anos. Se não pôde se juntar ao clube do Rio agora, Sampaoli deve ter entendido que terá material no Atlético-MG para chegar ao menos perto do desempenho do time de Jorge Jesus.