Vídeos, foco e torcida contra: o que um goleiro faz antes de encarar Messi
Você está debaixo das traves e vê um jogador adversário vir em sua direção. O jeito de correr e a bola colada aos pés não deixam dúvidas: é ele. Lionel Messi está na sua frente, diante de um estádio lotado, com o mundo inteiro esperando mais um gol do camisa 10 que marcou o futebol neste século.
E agora, o que fazer?
Para a imensa maioria da população mundial, a cena descrita acima só pode ser alcançada na imaginação, no videogame, ou em algum sonho (ou seria pesadelo?). Mas o brasileiro Carlos Coronel vai viver essa experiência no sábado, às 20h30 (horário de Brasília), na visita do New York Red Bulls ao Inter Miami, pela MLS.
Diante da possibilidade de ter uma resposta do mundo real, vale repetir a pergunta: e agora, o que fazer?
"É muito difícil tentar anular o Messi. Não adianta fazer uma marcação individual no Messi, porque outros tentaram e não funciona. É tentar não deixar espaços, não dar brecha pra ele. Tentar dificultar o máximo possível o jogo pra ele, fechar bem as linhas, jogar compacto", afirma Coronel ao UOL.
Para o brasileiro, que está há 4 anos no NY Red Bulls, a questão principal é evitar que Messi receba a bola de forma confortável. Para isso, é importante tirar os espaços não apenas do argentino, mas de toda a equipe.
"É tratar de fechar os espaços, reduzir o espaço deles. Ser muito mais intenso que o Miami neste sentido, para não deixar eles pensarem com clareza e tempo. Dificultar ao máximo pra eles, evitar que ele tenha jogadas cara a cara com o goleiro, ou chutes mais livres. Ele vai ter chances, mas elas têm que ser mais desconfortáveis", explica o goleiro, que tem dupla nacionalidade e defende a seleção do Paraguai.
Para colocar a teoria na prática, Coronel admite que o trabalho é mais mental do que físico: "É um jogo muito psicológico pra gente, já entramos mais concentrados e motivados, porque sabemos que qualquer erro que cometer no jogo nós vamos ser punidos. Então, é mais a preparação mental mesmo. Tem que ter muita paciência quando se joga contra eles."
Mas e quando o talento de Messi supera o esquema tático, e ele consegue criar as chances cara a cara? Então, há duas hipóteses. A primeira é o sonho de todo goleiro: "Aí é torcer pra ele estar numa noite ruim", brinca Coronel.
Como nem sempre dá pra contar com jogo ruim de Messi, a segunda hipótese se impõe: estudar ao máximo as características do argentino. "A gente acaba vendo vídeos dele, onde ele gosta de se posicionar, de chutar, os pênaltis. A gente vê durante a semana pra tentar se preparar ao máximo para todas as situações do campo, tentar antecipar ou ler alguma coisa", explica o goleiro.
O brasileiro tem uma estratégia até mesmo para uma possível falta na entrada da área, uma das especialidades do maior vencedor da Bola de Ouro.
"Ele é aquele jogador que tenta te surpreender batendo no teu canto, tem a qualidade pra bater por cima, ele tem todos os recursos de um batedor. O que eu tento fazer é proteger o meu canto, e sempre deixo um jogador protegendo o meu canto, pra ele não colocar essa bola por fora", afirma Coronel.
A tática já funcionou na única vez que o goleiro encarou Messi. O argentino até marcou um gol na vitória do Inter Miami por 2 a 0, mas não foi de falta. Mas o goleiro admite que, se o camisa 10 estiver num dia daqueles, a coisa complica.
"Se ele colocar por cima da barreira, na gaveta, aí é bater palma pra ele, porque não tem muito o que fazer".
Reportagem
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