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De olho na seleção, Wendell tem duelo contra queridinho inglês na Champions

O duelo entre Porto e Arsenal, pelas oitavas de final da Champions League, nesta quarta-feira às 17h, pode ter um sabor especial para dois envolvidos no duelo no Estádio do Dragão: de um lado, estará o ponta-direita Bukayo Saka; do outro, o lateral-esquerdo Wendell.

Saka é, aos 22 anos, o queridinho da torcida do Arsenal: é rápido, habilidoso, já fez 15 gols na temporada, sendo três deles na Champions, e é a principal via ofensiva da equipe de Mikel Arteta. Será o primeiro jogo de mata-mata da carreira dele na competição.

Wendell, aos 30 anos, é um jogador experiente em busca de um objetivo que ele mesmo admite que tinha deixado para trás: a seleção brasileira. "Eu tinha esquecido um pouco a seleção. Mas agora estamos fazendo um grande ano e voltei a focar nisso, voltei a ter esse sonho", afirma o lateral, em entrevista ao UOL.

Campeão do Torneio de Toulon com a seleção sub-21 em 2014, o lateral era nome certo na equipe olímpica para a Rio-2016, mas sofreu uma lesão. Ainda naquele ano, ele foi chamado por Tite para substituir Marcelo, machucado, em uma convocação para jogos das Eliminatórias, mas não voltou a ser chamado.

No duelo contra o Arsenal, junta-se uma série de fatores que podem realinhar o caminho do lateral com a seleção.

O primeiro é que Dorival Júnior está na Europa e, embora não vá ao Estádio do Dragão, está atento aos jogos da Champions League; o segundo, que o futebol português tem estado no radar da CBF: David Neres, do Benfica, e Pepê, do Porto, foram lembrados recentemente; por fim, o fato de enfrentar Saka, considerado um dos melhores pontas do mundo, pode aumentar a exposição de Wendell em caso de uma boa partida.

Bukayo Saka comemora gol do Arsenal sobre o Wolverhampton
Bukayo Saka comemora gol do Arsenal sobre o Wolverhampton Imagem: Glyn Kirk / AFP

Rival de alto nível

Quando o sorteio definiu o confronto entre Arsenal e Porto, nas oitavas de final, a reação imediata da imprensa foi colocar o favoritismo no lado dos ingleses. Em suas últimas apresentações, o time de Mikel Arteta tem justificado o rótulo: nas últimas cinco partidas da Premier League, foram cinco vitórias, com 21 gols marcados e dois sofridos.

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"É um adversário muito forte, que joga um futebol muito bonito. Acho que serão duas partidas interessantes de assistir porque são equipes que jogam um futebol bonito e que todo mundo gosta de ver, mas que a gente tem total condições de duelar e duelar bem", afirma Wendell.

Apesar de reconhecer a força do ataque do Arsenal pela direita, o lateral evita individualizar a disputa com Saka. Para ele, a tarefa de parar o ataque do Arsenal deve ser um esforço coletivo.

"Para a gente poder estar bem para neutralizar os melhores do Arsenal tem que ser coletivamente: não é um jogador só, acho que o coletivo do Porto é muito forte. Por isso, todo ano chega às oitavas, quartas da Champions League, porque é um trabalho que não é focado no individual", avalia o ex-jogador do Grêmio e do Bayer Leverkusen.

Wendell, durante passagem pela seleção brasileira em 2016
Wendell, durante passagem pela seleção brasileira em 2016 Imagem: Pedro Martins / MoWA Press

Crise? Que crise?

Em seu caminho para voltar à seleção brasileira, Wendell tem concorrentes que também estão em times importantes da Europa, como Alex Sandro (Juventus), Carlos Augusto (Internazionale) e até Lucas Beraldo, que tem jogado na posição pelo PSG. Há ainda Alex Telles (Al Nassr) e Renan Lodi (Al Hilal) do Campeonato Saudita.

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Para o lateral-esquerdo, que conviveu com Marcelo e Filipe Luís quando foi convocado, não há uma crise na posição. "Eu fico um pouco chateado quando escuto isso, porque sei que os jogadores que vão para a seleção têm a qualidade e o diferencial para estarem ali", afirma.

"A gente teve uma época com laterais que passaram 10, 15 anos na seleção como Roberto Carlos, Marcelo, Filipe Luis. Não é que o nível e a qualidade acabaram, mas cada jogador é diferente. Hoje dizem que o futebol é muito robotizado, que os laterais estão muito mais presos. Pra você sobressair, precisa da ajuda de todo o time", avalia Wendell.

Evolução defensiva

Em sua terceira temporada no Porto, Wendell vive o melhor momento no clube: na atual temporada, foram 19 jogos disputados, com três gols e duas assistências. Além disso, ele tem sido elogiado pela evolução defensiva, que ele atribui ao trabalho do técnico Sérgio Conceição.

"Ele faz um trabalho incrível já há 7 anos no Porto, e tira tudo do jogador todos os dias. Ele é muito bom, vem fazendo a gente evoluir a cada dia. Ele me fez acreditar mais no meu potencial, de saber o que eu sou capaz de fazer", revela Wendell.

"É o trabalho de uma pessoa que entende, que sabe o que tirar de cada jogador, ele te mostra a direção, trabalha muito com a nossa evolução. Tira o último caldo do suor na camisa, sempre trabalha no máximo. Eu queria ter trabalhado com ele muito antes", acrescenta o brasileiro.

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Nesta quarta-feira, o bom momento e a evolução defensiva de Wendell serão postos à prova diante de um dos rivais mais complicados do futebol europeu. O mundo vai estar de olho; e a comissão técnica da seleção, também.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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