Árbitro vítima de racismo no Gauchão cogita aposentadoria após apitar final
Márcio Chagas da Silva viveu momentos tristes no Campeonato Gaúcho de 2014, e pode não ter chance de mudar as lembranças. Vítima de atos racistas na cidade de Bento Gonçalves, o juiz comandou a final do estadual, neste domingo, e após o jogo admitiu que pode encerrar a carreira.
"Pode ter sido sim [o último jogo como árbitro de futebol]. É algo que eu tenho pensado muito. Vou pensar ainda mais. Mas devo parar de apitar", disse após o jogo.
Os atos de racismo da torcida do Esportivo significaram muito ao juiz. "Pensei muito no meu filho. Ele não poderia passar pelo que eu passei", disse rapidamente.
Durante o embate entre Esportivo e Veranópolis, na primeira fase do Gauchão, o árbitro ouviu xingamentos diversos, todos discriminatórios. Após a partida, quando foi até seu veículo para voltar para casa, o carro estava amassado e coberto por bananas.
O primeiro julgamento no TJD da Federação Gaúcha de Futebol apontou pena branda. Apenas multa e perda de mando de campo para equipe da serra. Mas a procuradoria recorreu e o julgamento do Pleno retirou 9 pontos da equipe, que acabou rebaixada para Série B.
Márcio esteve presente no segundo julgamento. Porém, deixou a sede da FGF antes da sentença, irritado. Segundo ele, um dirigente do Esportivo insinuou, em tribunal, que ele havia forjado as avarias em seu carro para se promover.
"Não tem influência do ato [de racismo] em si, mas pela repercussão. E pela impunidade. A impunidade faz a gente repensar algumas coisas. Foi muito ruim ouvir umas coisas no julgamento. Ser chamado de mentiroso, como se eu tivesse forjado uma situação. Isto deixa a gente triste", disse Márcio Chagas ao UOL Esporte.
Aos 37 anos, Márcio Chagas da Silva é um dos principais árbitros do Rio Grande do Sul. Ainda tem escudo da CBF e é aspirante ao quadro da Fifa.
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