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Inter 'encaixa' defesa com tendência europeia, complementos e compensações

Odair Hellmann organiza setor defensivo do Inter, segundo melhor do Brasileirão - Ricardo Duarte/Inter
Odair Hellmann organiza setor defensivo do Inter, segundo melhor do Brasileirão Imagem: Ricardo Duarte/Inter

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

31/08/2018 04h00

Um dos pilares do sucesso do Inter no Brasileirão é sua defesa. Sem sofrer gols há seis partidas, segundo que menos foi vazado no campeonato atrás apenas do Grêmio, o setor de retaguarda respalda o vice-líder do Nacional a partir de uma marcação encaixada em zona e características complementares entre todos os participantes do processo.

"Tem que ressaltar o trabalho do professor Odair (Hellmann, treinador), do Mauricio (Dulac, auxiliar), fazemos um trabalho de linha no final do treino e é muito bom. Além da rapaziada que ficou jogando, Uendel, Fabiano, Dudu, os titulares, o grupo. Todos que entram dão conta do recado, por isso não tomamos gol. O ataque nos ajuda muito e isso faz parte. Um ajudando o outro, o Pottker, o Damião voltando lá atrás para marcar, isso ajuda muito", disse o lateral direito Zeca.

Encaixe zonal, sucesso na Europa

Em casa ou fora, o Internacional trabalha com um encaixe de marcação através de zonas. Mas isso não quer dizer que cada jogador defenda apenas uma parte do campo independente de quem cair por ali. E sim que a linha inteira defende a zona, não se desfaz com a presença de um, dois ou três atacantes do adversário.

O 'trabalho de linha' citado por Zeca (resposta acima) se refere ao treinamento para aperfeiçoar a ligação entre os atletas durante a atividade defensiva. Não é raro ver Maurício Dulac e Odair Hellmann dando atenção específica à defesa para que a linha não desmanche durante as partidas.

O encaixe zonal de marcação é sucesso na Europa. Pouco comum no Brasil, onde os clubes costumam pré-definir marcações por posição ou mesmo estabelecer áreas do campo para cada um de seus jogadores, independente da linha formada por eles, o sistema zonal solidifica principalmente o centro do campo, onde desenvolvem-se a maioria das jogadas de sucesso.

Jael tenta dominar a bola diante da marcação de Rodrigo Moledo durante Gre-Nal 415 - Lucas Uebel/Grêmio - Lucas Uebel/Grêmio
Imagem: Lucas Uebel/Grêmio

Características complementares

Cada membro do sistema defensivo - entenda-se isso como o time inteiro - possui características complementares no sistema adotado pelo Inter. Tanto na transição defensiva quanto na fase de defesa, o Colorado aposta em peculiaridades que podem fazer com que um jogador some ao outro.

Damião ou Alvez, a primeira linha de marcação tem como característica o empenho na pressão. Seja em bolas praticamente perdidas ou de domínio do adversário, nenhum deles se furta da corrida, seja ela para retomar ou apenas atrapalhar o adversário.

Pelos lados, enquanto Pottker tem força suficiente para retornar rapidamente e auxiliar Zeca, de menor característica defensiva, Nico López dá menos ajuda a Iago, mas é compensado pela maior capacidade de controle na retaguarda que o lateral oposto.

Rodrigo Dourado cobre os dois lados e recebe auxílio na força de Patrick e na velocidade de Edenílson, dando sustentação a dois zagueiros também diferentes. Um técnico: Cuesta, e um de força: Moledo.

Odair Hellmann, técnico do Inter - Ricardo Duarte/Inter - Ricardo Duarte/Inter
Imagem: Ricardo Duarte/Inter

Balanço defensivo e compensações

Outra situação que chama atenção no posicionamento defensivo do Inter é um balanço formado sempre por três atletas. O balanço defensivo corresponde a quantidade de jogadores que estão prontos para defender enquanto o time ataca. Um na linha da bola, dois recuados sem a participação do goleiro como líbero. Desta forma, surpresas em contra-ataques são pouco comuns.

As compensações treinadas nas atividades de campo também são bem comuns durante os jogos. Victor Cuesta é um dos responsáveis pela saída de bola, normalmente avança até a linha de meio para participar da criação mesmo sendo zagueiro, seu posicionamento é suportado pela compensação de Rodrigo Dourado, que jamais participa da mesma jogada ofensiva que ele em condições de normalidade. O 'efeito-dominó' faz Edenílson centralizar para primeira função do meio e Pottker manter-se atento ao retorno o mais rápido possível por dentro na direita.

Desta forma, o Inter sofreu apenas 12 gols em 21 jogos no Brasileiro. A defesa está 595 minutos sem ser vazada. O próximo compromisso será no domingo, diante do Cruzeiro, em Belo Horizonte.