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Tatuagens e jejum de cerveja... Com SP livre, é hora de pagar as promessas

Torcedores do São Paulo fizeram promessas e apoiaram o time contra a queda - Rubens Chiri / saopaulofc.net
Torcedores do São Paulo fizeram promessas e apoiaram o time contra a queda Imagem: Rubens Chiri / saopaulofc.net

Bruno Grossi

Do UOL, em São Paulo (SP)

21/11/2017 04h00

Hernanes chegou ao São Paulo em agosto e, logo em sua apresentação, fez uma promessa à torcida: não deixaria o Tricolor ser rebaixado no Campeonato Brasileiro. A meta foi cumprida no último fim de semana, após o empate em 0 a 0 com o Botafogo e uma combinação de resultados. E agora quem terá de cumprir promessas são os torcedores que, no desespero, fizeram juras para pagar caso o clube paulista garantisse a permanência na Série A.

Durante quase um mês, o UOL Esporte recebeu mensagens de são-paulinos que apelaram para a superstição para tentar ajudar o time a se salvar no Brasileirão. Teve quem se preocupasse com o próximo, como a contadora Alessandra Sassaki, de 26 anos: "Prometi doar para uma ONG por um ano o mesmo valor que gasto com sócio-torcedor. Deve ser alguma instituição relacionada à causa animal".

Vale eternizar um dos heróis da campanha de reação do São Paulo na própria família? Sim. "Se meu filho que vai nascer for um menino, ele chamará Hernanes", prometeu David Sousa. A assessora de imprensa Tânia Barbato e a fisioterapeuta Vivian Mendes decidiram subir de joelhos uma das arquibancadas do Morumbi. Já Marcello Almeida, funcionário dos Correios em Lavras da Mangabeira, no Ceará, prometeu visitar a imagem de Padre Cícero, em Juazeiro, para agradecer que o Tricolor se salvou.

Mas algumas categorias de promessas se repetiram mais vezes: tatuagens relacionadas ao São Paulo, raspar ou deixar o cabelo crescer e jejuns de bebida alcoólica. Veja alguns dos relatos recebidos pela reportagem:

Na pele

A promessa mais comum entre as mensagens enviadas por torcedores de 31 de outubro até 20 de novembro é a de tatuar algo relacionado ao Tricolor. A maioria dos torcedores, porém, ainda apresentava dúvidas sobre o que desenhar na própria pele ou precisavam de tempo e dinheiro para ir a um estúdio de tatuagem. Não é o caso do professor de educação física Fernando Rizzi, 30, que antes mesmo das chances de rebaixamento sumirem pagou a promessa:

"Fiz antes porque o tatuador não teria horário nos fins de semana seguintes. E o time já estava praticamente livre! Escolhi o Ceni porque é um herói para mim. Sou tão fã que penso em colocar o nome dele no meu filho. Sempre pensei em fazer uma tatuagem, mas minha mãe é bem tradicional, não gosta, e eu sempre tive medo. Depois do empate com a Ponte Preta (9 de setembro, com o time na zona de rebaixamento), prometi que faria se a gente se livrasse".

Cabelos ao vento

Outra promessa bastante comum envolve raspar o cabelo. Ou então deixá-lo crescer, como o jornalista Matheus Lima, 22, e a estudante Vanessa Araújo, 16. Há ainda a história de confiança e solidariedade de Saulo Guarizo, de 19, estudante de Rádio e TV em Piracicaba.

"Faz dois anos que deixo o cabelo crescer. E, certo de que meu time não cairia, falei que rasparia a cabeça, apesar do medo por dentro pelo fato do time não melhorar. Quando minha mãe teve câncer, eu raspei o cabelo com ela e após essa fase deixei crescendo junto, com o intuito de doar depois", explicou o jovem, que agora poderá preservar o cabelo por mais tempo antes de fazer a doação. 

 

Um coração novo, por favor

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Zero álcool 

Alguns quiseram colocar os próprios desejos à prova. É o caso de Danilo Monteiro, analista de logística, de 25 anos. "Prometi ficar um ano sem bebida alcoólica. E já estou bem arrependido, diga-se de passagem. Em 2013 (ano em que o São Paulo também brigou contra o rebaixamento) eu fiquei seis meses sem beber. Confesso que estou receoso para esta vez, mas vou conseguir", brincou Danilo.

Apostas

Além de promessas, os são-paulinos encararam apostas para defender o próprio time da gozação e torcida dos rivais pelo rebaixamento. A maioria se arriscou no básico, com caixas de cerveja, churrascos ou camisas oficiais. Mas teve espaço também para apostas mais ousadas. Aos 39 anos, o serralheiro de alumínio Douglas Fabris terá um fim de ano de bonança financeira se o amigo pagar a aposta: "Eu apostei meu 13º salário fechado que o São Paulo não cairia. A aposta ficou de pé e eu só posso agradecer a esse meu amigo palmeirense".

A estudante Tatiane Galvão, de 24 anos, se surpreendeu com o padrinho Denilson Ribeiro, motorista particular de 37 anos. "Ele apostou com um amigo vascaíno que, se o São Paulo caísse, daria a própria moto para ele. Quase não acreditei, ainda mais porque foi depois que o São Paulo perdeu do Bahia (na última rodada do primeiro turno). Fiquei sem reação, o time estava péssimo. Mas o amigo apostou a moto também", disse Tatiane.

Superstições

A crise tricolor no Brasileirão também proporcionou momentos de fé e superstição. A torcida se dividiu entre quem temia que as faixas de "time grande não cai" pudessem secar o São Paulo e quem acreditava que o item não passava de mera brincadeira - ou certeza. Alguns recorreram a imagens de santos e a terços. Outros se apegaram a camisas da sorte, como Guilherme Neupman, 27, analista de experiência do cliente: "Tenho uma camiseta que, por coincidência, o São Paulo não perdeu quando usei. Desde então, a mantive sem lavar. Minha namorada até reclama. Quando não usei, perdeu".

As irmãs Oliveira criaram outro método - bastante curioso. Camila conta: "Minha irmã ficou com a superstição de lavar louça durante os 90 minutos. Depois que o primeiro deu certo, ela já se programava! E a gente ajudava a deixar a louça mais suja. Quando não tinha jeito, ela diminuía o ritmo".