Alonso caminha para fim de carreira melancólico e vira grande crítico da F1
A vida de Fernando Alonso não tem sido fácil desde que o bicampeão anunciou que deixará a Fórmula 1 ao final deste ano: nas sete corridas disputadas desde agosto, o espanhol só pontuou em uma. Após a ótima performance no GP de Cingapura, ele é apenas o 11º colocado do Mundial, com 50 pontos. E mais: depois de ter abandonado por três vezes por estar envolvido em acidentes nos quais não teve culpa, ele anda soltando o verbo contra a própria categoria.
O primeiro da série de acidentes foi o mais espetacular deles, na Bélgica. Alonso foi abalroado por Nico Hulkenberg logo na primeira curva. O espanhol chegou a insinuar que o alemão deveria receber um gancho pela manobra. "Não dá para entender como alguém perde o ponto de freada desse jeito. Da última vez, Romain [Grosjean] foi suspenso. Então, veremos". No final das contas, Hulkenberg foi punido apenas com perda de posições no grid na prova seguinte.
O acidente fez Alonso trocar de chassi para a prova seguinte, em Monza, quando ele também abandonou, por quebra. Em Cingapura, se recuperou e foi o sétimo. Mas logo as decepções voltaram: na Rússia e no Japão, ficou de fora dos pontos, em 14º.
Em Suzuka, sobrou para os comissários, já que Alonso reclamou de uma punição que recebeu por ter saído da pista e ganho vantagem. Ele disse que isso só aconteceu porque foi jogado para fora por Lance Stroll.
"Quando até o piloto vem se desculpar, acho difícil de entender a decisão. Mas esse é o baixo nível da F1, nas decisões aleatórias, na falta de consistência. É uma pena".
As críticas de Alonso só aumentaram de tom depois de mais uma batida com Stroll, desta vez na primeira volta do GP dos Estados Unidos. "É um problema a mais para FIA se eles continuarem permitindo esse tipo de pilotagem. Eu piloto em outra categoria que tem amadores, em teoria, e nunca houve esse tipo de problema”, afirmou, referindo-se ao Mundial de Endurance.
“Talvez eles esperem acontecer um acidente grave para fazer algo. Enquanto isso, nos divertimos em uma categoria em que pilotamos contra 34 carros, alguns amadores, caras de 60 anos, e nada acontece. Aqui, precisamos de protetores, igual em kart de aluguel, para poder ficar um batendo no outro.”
Mesmo com as reclamações, ninguém aliviou para Alonso na última corrida, no México. O toque entre Carlos Sainz e Esteban Ocon deixou detritos na pista que entraram no radiador da McLaren do espanhol, obrigando-o a abandonar.
Aposentadoria consciente
Ao mesmo tempo em que reclama repetidamente do nível de disputa no meio do pelotão da F1 atual, Alonso assegura que não está deixando a categoria porque não tem um carro competitivo. Nos últimos meses, chegou a afirmar que tinha recebido uma proposta da Red Bull para o ano que vem, algo repetidamente negado pelo chefe da equipe, Christian Horner.
“Eu poderia ter um carro competitivo”, insistiu. “Não estou parando porque não tenho um carro competitivo e estou dizendo isso desde agosto. Estou parando porque eu fiz tudo o que eu queria na F1. Ganhei corridas, campeonatos, quebrei recordes, pilotei pela McLaren, Ferrari e Renault. Tenho 37 anos e não há mais nada que possa fazer na F1. Tudo o que eu sonhei está feito. Então, há coisas novas no automobilismo, maiores do que a F1”.
Alonso havia dito que anunciaria seu futuro em outubro, mas por enquanto a única confirmação é de que ele não disputará a temporada completa da Indy. O espanhol deve tentar o título do Mundial de Endurance - cuja temporada atual se encerra em meados de 2019 - e afirmou que existe a possibilidade de voltar às 24h de Daytona e às 500 Milhas de Indianápolis.
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