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Os sete meses que deixaram Robert Kubica próximo da volta à F-1

Robert Kubica participa de teste particular da Renault na Espanha - @RenaultSportF1/Twitter
Robert Kubica participa de teste particular da Renault na Espanha Imagem: @RenaultSportF1/Twitter

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Abu Dhabi

23/11/2017 05h16

19 de abril de 2017. Foi quando Robert Kubica andou com um carro de Fórmula pela primeira vez desde janeiro de 2011, quando teve um acidente de rali que chegou a colocá-lo em risco de morte e ameaçou seriamente a carreira daquele que sempre foi considerado um dos grandes de sua geração, ao lado de Lewis Hamilton e Sebastian Vettel.

O retorno aconteceu em um teste de GP3, carro sem direção hidráulica e com velocidade máxima de pouco mais de 300km/h. Como de costume, os resultados das 70 voltas completadas não foram divulgados, mas chamou a atenção o otimismo demonstrado pelo piloto, conhecido por ser muito duro inclusive consigo mesmo.

"Fiquei surpreso porque, mesmo depois de tanto tempo, os sentimentos que me lembro estão de volta. É claro que há muitas coisas que posso fazer melhor. Na parte física dá para melhorar, mas meus limites estão em um bom nível."

Isso porque sempre houve a dúvida se Kubica conseguiria retornar às competições de fórmula depois de passar por 18 cirurgias - a primeira durou sete horas - para recuperar-se de fraturas que iam de seu pé direito até o ombro, e que acabaram afetando mais duramente o antebraço direito. Por isso, ainda que o piloto tenha voltado a competir até mesmo no rali, o fato de um cockpit ter pouco espaço era um empecilho. Tanto, que Kubica chegou a fazer trabalhos no simulador da Mercedes em 2013, mas entendeu que seus movimentos não eram suficientes para pilotar na pista.

Três anos depois, contudo, a história tinha mudado. Duas semanas após o teste com o GP3, o piloto que completa 33 anos em dezembro estava de volta às pistas, em um novo teste, com um carro de Fórmula E.

No mês seguinte, ele já tinha convencido a Renault, equipe com um grupo de engenheiros que trabalhou com o piloto - e que nunca escondeu seu respeito por ele - e conseguiu um primeiro teste com um F1, usando um carro de 2014 e em um circuito simples, em Valência, onde deu mais de 100 voltas.

Na cabeça da equipe, era apenas uma oportunidade. Para Kubica, era parte de um plano que o daria uma vaga de volta, na melhor das hipóteses, quando o titular da Renault, Jolyon Palmer, fosse sacado. E, na pior, em 2018. O plano inicial não funcionou, pois os franceses acabaram elegendo Carlos Sainz. Mas agora há essa grande chance na Williams.

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Imagem: Charles Coates/Getty Images
Voltando um pouco no tempo, Kubica conseguiu, então, outro teste, em um circuito mais rápido, em Paul Ricard, em julho, e voltou a fazer um bom trabalho, chegando a passar no teste para sair do carro em menos de 5s na primeira tentativa. Essa é uma das preocupações em uma possível volta.

A outra seria sua capacidade de aguentar toda uma temporada. Pelo menos no terceiro teste com a Renault, no fim de julho e agora com um carro de 2017 e junto de outros pilotos da ativa em Budapeste. E ele completou, em um dia de testes e sob temperaturas acima de 30ºC, 142 voltas, o equivalente a dois GPs da Hungria.

Como a chance na Renault não se concretizou, Kubica bateu à porta da Williams, com quem testou, também com um carro de 2014, em outubro. Novamente, agradou. Agora, terá a chance, na semana seguinte ao GP de Abu Dhabi, de andar mais uma vez, com o carro de 2017 da Williams, em um teste coletivo.

Ainda que as dúvidas sobre sua condição física permaneçam no ar, ele garante que pilotar é o menor de seus problemas.

“Minha vida mudou. Sei a influência que minhas lesões tiveram na minha vida. Todos me veem como piloto, mas no final das contas sou um ser humano, faço coisas normais. Eu treino, ando de bicicleta… minhas limitações têm uma influência muito maior na minha vida do que na minha pilotagem. Meu maior problema não é de força, mas de limitação de movimento. O antebraço não tem o nível normal de supinação, então não consigo torcer meu pulso, então esse é o maior problema”, explica.

Uma definição da Williams é esperada para o início de dezembro. A equipe já tem Lance Stroll confirmado para a próxima temporada.

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