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Inimigos poderosos e golpe: entenda como Dennis perdeu controle da McLaren

Dan Istitene/Getty Images
Imagem: Dan Istitene/Getty Images

Julianne Cerasoli

Do UOL, em São Paulo

16/11/2016 09h20

Era impensável há 10 anos que Ron Dennis seria obrigado a deixar o comando da McLaren pela porta dos fundos, mas o anúncio oficial da saída imediata do dirigente é o capítulo final de uma série de eventos que fizeram com que um dos mais vitoriosos chefes de equipe de todos os tempos perdesse uma batalha judicial e se visse de fora do império que ele mesmo foi fundamental para criar.

Sabendo que seu contrato como presidente e chefe executivo do Grupo McLaren não seria renovado ao final deste ano, Dennis tentou até o último instante reverter a situação, apelando até para a Suprema Corte britânica, mas a perda do caso acabou significando seu desligamento imediato do time que comandava desde 1980. Apesar de manter 25% das ações do Grupo, sua situação política na empresa é bastante delicada.

Dennis contou com o apoio de Mansour Ojjeh, seu parceiro comercial, para comprar a McLaren no início dos anos 1980. A parceria foi, inclusive, importante para o time manter sua independência mesmo quando todos os caminhos apontavam para o controle das montadoras. Porém, a relação se desgastou nos últimos nove anos e fez com que o milionário se aliasse aos acionistas barenitas, que possuem 50% das ações, para tirar Dennis do poder.

O inglês de 69 anos vinha trabalhando para comprar as ações de Ojjeh e da empresa Mumtalakat para retomar o controle da McLaren, e tentava uma parceria com investidores chineses. O negócio, contudo, não teve sucesso, o que acelerou a saída de Dennis.

Mas o começo do fim para o dirigente foi o caso de espionagem de 2007, e a maneira como o inglês lidou com isso, prejudicando a imagem da McLaren no meio comercial e dificultando a prospecção de patrocinadores desde então. Comprar uma briga com o então presidente da FIA, Max Mosley, seu inimigo histórico, também prejudicou.

Sabendo que muito das consequências do caso de espionagem, que gerou uma multa de 100 milhões de dólares e a desclassificação do mundial de construtores daquele ano, além de restrições técnicas para a temporada seguinte, tinha relação direta com a rivalidade com Mosley, Dennis se afastou temporariamente de uma posição de maior proeminência no comando da equipe.

Anos depois, em 2014, porém, o inglês voltou, em uma espécie de golpe que tirou Martin Whitmarsh do comando. O dirigente, porém, era aliado de Ojjeh, que na época estava internado em estado grave. Acredita-se que, a partir daí, o ex-parceiro de Dennis tornou-se seu inimigo e, atraindo o apoio dos barenitas, conseguiu tirar Ron do poder.

Em seu comunicado a respeito da saída, Dennis garantiu que continuará “cuidando dos interesses” da McLaren. Porém, com a situação política interna tão complicada, a atual seca de patrocinadores - que também tem relação com seu pensamento de pedir somas altas para não afetar a imagem do time - e os quatro anos sem vitórias, é difícil imaginar seu retorno.

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