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Tales Torraga

Hoje buscando título, Santos e Palmeiras já se negaram a jogar Libertadores

O palmeirense Ademir da Guia (esq.), disputa bola com jogador do Cruzeiro durante empate de 1 x 1 em partida válida pelo torneio Roberto Gomes Pedrosa, em 1968 - Nascimento/Acervo UH/Folhapress
O palmeirense Ademir da Guia (esq.), disputa bola com jogador do Cruzeiro durante empate de 1 x 1 em partida válida pelo torneio Roberto Gomes Pedrosa, em 1968 Imagem: Nascimento/Acervo UH/Folhapress

Colunista do UOL

04/01/2021 04h00

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Falar de Santos e Palmeiras neste começo de semana é falar também das semifinais da Libertadores da América amanhã (River x Palmeiras) e quarta (Boca x Santos), mas engana-se quem imagina que foi sempre assim.

A geração "obcecada pela Libertadores" custa a acreditar, mas o Brasil se recusou a jogar as edições de 1966, 1969 e 1970, vencidas pelos uruguaios do Peñarol (a primeira) e pelos argentinos do Estudiantes (as demais).

O Santos seria o representante brasileiro nas Libertadores de 1966 e 1969 e encampou as ausências do país em ambas. Em 1967, fez mais: vice da Taça Brasil de 1966, simplesmente desconsiderou o torneio continental, deixando o Cruzeiro como único do país.

A antipatia dos clubes brasileiros pela Libertadores contava com amplo aval da CBD (Confederação Brasileira de Desportos), então à frente do futebol nacional, que ignorou a competição pela última vez em 1970 (Palmeiras e Cruzeiro como representantes).

A então ponderação anti-Libertadores era o calendário, alegando que o torneio atrapalharia a preparação para a Copa do Mundo do México. A Libertadores de 1970 foi de fevereiro a maio. A estreia do Brasil no Mundial contra a Tchecoslováquia ocorreu em 3 de junho.

As outras justificativas de clubes e CBD eram: 1) A violência dos adversários; 2) As arbitragens tendenciosas; 3) A complicada logística para viagens e os estádios caindo aos pedaços; 4) O baixo retorno financeiro.

O Palmeiras chegou à final da Libertadores de 1968 (perdeu para o Estudiantes) e conhecia bem a escassez das cifras, optando por fazer excursões pela Europa em maio de 1970. Girou por Itália, Grécia, Iugoslávia e União Soviética, refazendo o périplo que rendera muito ao Santos de Pelé.

A opção pelas turnês no lugar do torneio continental é uma das razões que ajudam a explicar a disparidade de presenças na Libertadores entre Santos, Palmeiras, River Plate e Boca Juniors. Enquanto os gigantes portenhos somam 36 (River) e 29 (Boca) participações, o Palmeiras hoje participa da competição pela 20ª vez, com outras 15 presenças santistas. O abismo numérico é marcante. Juntos, Santos e Palmeiras (35 participações) não dão o River (36) sozinho.

Não à toa, os argentinos têm mais títulos. Enquanto o River busca sua quinta taça (ganhou em 1986, 1996, 2015 e 2018), o Palmeiras tenta sua segunda (faturou em 1999). O Boca luta pela sétima (campeão em 1977, 1978, 2000, 2001, 2003 e 2007), e o Santos, por sua quarta (1962, 1963 e 2011).