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BJK Cup: derrota na Alemanha evidencia a Biadependência brasileira

Beatriz Haddad Maia na partida contra Jule Niemeier pela Billie Jean King Cup em Stuttgart, Alemanha, em 2023 - Reuters
Beatriz Haddad Maia na partida contra Jule Niemeier pela Billie Jean King Cup em Stuttgart, Alemanha, em 2023 Imagem: Reuters

Colunista do UOL

15/04/2023 13h55

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Não é exatamente novidade: Beatriz Haddad Maia está, hoje, em um nível muito acima ao das demais simplistas brasileiras. Atualmente, é a única da modalidade que vem consistentemente vencendo jogos em nível WTA, que é justamente o nível exigido contra uma Alemanha, fora de casa, na Billie Jean King Cup. E é óbvio que isso, essa Biadependência brasileira, fica ainda mais evidente em ocasiões assim.

Quando Bia, neste sábado nada memorável, perdeu seu jogo para Jule Niemeier por 7/6(3), 3/6 e 6/2, o cenário que era bom para o Brasil mudou em 180º. Ao vencer um ponto "inesperado" com sua número 65 do mundo derrotando a top 15 brasileira, o time germânico passou a precisar apenas de um ponto para vencer o confronto e avançar à fase final da competição. E Anna-Lena Friedsam (#91) completou a missão ao fazer 6/1 e 6/0 sobre a medalhista olímpica Laura Pigossi (#124), a simplista número 2 do Brasil. Alemanha 3, Brasil 1.

Que ninguém entenda errado: não foi sequer um fim de semana ruim de Pigossi. Laura esteve a um game de "roubar" o segundo ponto da sexta-feira, diante de Tatjana Maria (#71). A veterana de 35 anos, contudo, fez uma reta final de partida impecável, variando seu jogo e colocando Pigossi em situações diferentes da maioria das que ela tinha visto na partida até então. Mérito da alemã.

Neste sábado, em uma quadra de saibro rápida e que favorece o jogo de Friedsam, Pigossi esteve desde o início fadada a um revés. Lutou com sua raça de sempre, gritou a cada ponto somado, mas não conseguiu oferecer tanta resistência assim. Em dois sets, a superior Friedsam fechou o jogo e o confronto.

Repito: apontar a Biadependência não é crucificar Laura, Carol Meligeni ou qualquer outra simplista brasileira. Muito menos a capitã, Roberta Burzagli. O tênis feminino brasileiro é o que é. Não há milagres além do esforço individual de cada uma das meninas que formam essa equipe da BJK Cup. Há alguns anos, alcançar essa fase de Qualifiers já era quase inimaginável. Ir à Alemanha com chances de vencer já foi um feito e tanto. Não há vilões em uma derrota para um time germânico que, se não tem uma número 1 forte como Bia Haddad, tem mais opções e versatilidade. É dar parabéns às anfitriãs e paciência.

Coisas que eu acho que acho:

- O capitão alemão, Rainer Schuettler (aquele!), acertou lindamente ao trocar a desgastada Tatjana Maria e tentar a sorte com a descansada e mais agressiva Jule Niemeier contra Bia. Jule não vencia um jogo desde fevereiro e somava seis derrotas seguidas no circuito, mas aproveitou-se de um dia ruim da brasileira e, empurrada pela torcida e pelas companheiras de time, conseguiu o ponto que decidiu o confronto.

- É compreensível, em um confronto entre países, uma transmissão com torcida para o Brasil. A dupla da ESPN que fez o primeiro jogo, porém, errou na mão e exagerou. Em uma das quebras de Bia, berrou "Quebramos!", assim mesmo, na primeira do plural. Não precisa tanto.

- O mais desagradável de ouvir o narrador usar a primeira do plural é que soa até como covardia com o atleta. Quando a Bia estava bem, foi "quebramos". Quando esteve mal, como no fim do jogo, foi "olha a Bia complicando um game". Soa como um técnico de futebol que quer os méritos na vitória, mas culpa o elenco nas derrotas. É feio.

- Ainda sobre a narração desse primeiro jogo: um bom jornalista me mandou uma mensagem perguntando "É narração ou react?" De fato, foi um tom mais apropriado para YouTubers do que para um jogo de tênis em um veículo com o alcance do grupo Disney.

- Em tempo: a dupla do segundo jogo, formada por Dadá Vieira e Rodrigo Cascino, acertou no tom (embora a partida tenha ajudado a conter os ânimos).

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