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Rodrigo Coutinho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Como má pontaria do Galo explica o maior pecado de Turco no clube

Colunista do UOL

21/07/2022 04h00

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O Atlético-MG tem o quinto melhor ataque do Brasileirão em números absolutos. Fez 25 gols. Está atrás de Red Bull Bragantino, Palmeiras, Fluminense e Internacional. Mas um olhar detalhado sobre a eficiência do Galo diante da meta chama a atenção. É um dos times de pior pontaria na Série A e na Libertadores. Melhorar o fundamento é primordial para ter atuações mais convincentes. E isso passa pelo comportamento. Entenda!

Finalizar melhor não é a única necessidade do Atlético na temporada. O time oscila e fica devendo em intensidade em diversos jogos, seja na movimentação ofensiva ou na ''pegada'' para marcar. Em algumas partidas, porém, se tivesse convertido um número maior de chances de gol que cria, encaminharia resultados e atuações mais tranquilas. Teria paz para se desenvolver.

Do mesmo jeito que só fica atrás do Palmeiras em média de finalizações por jogo no Brasileirão e na Libertadores, é o quarto pior time na precisão do fundamento na Série A. Já na competição internacional, entre as equipes que seguem vivas, só arremata melhor do que Corinthians e Estudiantes. É o 24ª no geral, atrás dos limitados Always Ready(BOL) e Independiente Petrolero(BOL).

O problema não pode ser técnico. Hulk é o principal atacante do time. Zaracho, Nacho Fernandez, Keno, Vargas, Guilherme Arana, Eduardo Sasha e Jair são jogadores que finalizam com frequência e possuem qualidade para isso. Talvez o defeito se explique pela afobação. Nos dois torneios o time finaliza 14 ou 15 vezes por jogo, mas apenas um terço disso é chance real de gol.

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Números que evidenciam o problema citado no texto
Imagem: Fonte: Opta

Muitas vezes o Galo controla, tem volume ofensivo, mas pouco apreço na conclusão dos lances. Precipita ou força esse momento por ansiedade e insegurança de que o melhor momento virá.

Os atletas e Turco Mohamed dividem esta responsabilidade. O foco de alguns jogos do ano passado não se repete. A sensação passada em diversos momentos é que o time acredita que resolverá determinadas partidas pela pura qualidade técnica do elenco, mas nem sempre isso é possível.

O estilo ''low profile'' do treinador é perceptível e muitas vezes nocivo em realidades assim. A forma com que os jogadores defendem Turco chama a atenção e converge neste sentido.

O argentino não foi uma escolha ruim da diretoria atleticana. Conquistou nove títulos relevantes nos 12 anos anteriores à chegada na Cidade do Galo. Teve oscilações naturais na carreira e taticamente possui diversas similaridades com Cuca, tanto que manteve basicamente as ideias do antigo treinador.

O que não vem ocorrendo, no entanto, é algo característico de outros trabalhos dele. Costumava ser mais incisivo na relação com os atletas. Talvez tenha se intimidado com a hierarquia de um elenco multicampeão em 2021 e a fama ''mimada'' que os vestiários brasileiros costumam ter. É hora de romper com isso. Caso contrário, corre sério risco de perder o emprego.