Topo

Na Grade do MMA

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Egoísmo de TJ Dillashaw custou a José Aldo uma despedida justa no UFC

José Aldo pensa em voltar a lutar - GettyImages
José Aldo pensa em voltar a lutar Imagem: GettyImages

Colunista do UOL

07/12/2022 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

A temporada de 2022 foi marcada pela aposentadoria de diversos grandes nomes do UFC. Dentre eles, destaco dois ex-campeões que tiveram seus últimos passos no octógono de certa forma interligados graças a uma decisão triste e egoísta de um deles, e que terminou por privar o público de um final justo para duas grandes carreiras.

Me refiro à escolha de Tj Dillashaw, que optou por lutar lesionado contra Aljamain Sterling em outubro, mesmo sabendo que apenas um milagre permitiria sua vitória e a conquista do título dos pesos-galos. Tanto é que seu ombro saiu do lugar em duas ocasiões, no início do primeiro e do segundo assalto, e ele pouco pôde fazer diante de um preparado adversário, que venceu com tranquilidade.

Ao final do evento, o atleta revelou que fez grande parte do camp lesionado e preferiu arriscar mesmo assim. Uma matéria do Combate.com, dias depois, revelou que o time do lutador se preparou para colocar seu ombro no lugar nos intervalos entre os rounds, sabendo da gravidade da lesão e da impossibilidade do veterano de performar em alto nível naquela noite.

Nesta semana, a notícia de que TJ, aos 36 anos, se aposentou justamente após uma cirurgia no ombro, o que demandaria no mínimo um ano de recuperação, deixou seus fãs tristes. Afinal, o ex-campeão merecia muito mais em sua "última dança" no octógono. Os quase nove minutos de sofrimento, traduzidos em 72 golpes recebidos diante de apenas oito aplicados, fazem com que sua despedida do evento seja melancólica.

Quem acompanha o MMA sabe que contusões fazem parte do cotidiano do esporte, e que atletas quase nunca competem sem alguma dor ou até mesmo impossibilitados de fazer algum movimento específico. Neste caso, porém, o americano não tinha condições de competir e sequer seria liberado a entrar no octógono pelos médicos, caso eles soubessem de sua real situação.

Ao mesmo tempo, é importante lembrar que essa decisão sem sentido também afetou o resto da categoria. Principalmente José Aldo, futuro Hall da Fama do UFC que era o próximo nome da fila para disputar o cinturão. Como TJ optou por lutar sem condições, Aldo preferiu se manter ativo ao encarar o mais jovem Merab Dvalishvili em agosto.

Anulado pelo wrestler da Geórgia, que abusou do clinche e do anti jogo para evitar a troca de golpes em pé, o brasileiro chegou a ser vaiado devido à monotonia do confronto. Dias depois, Aldo se aposentou, também com um final de carreira muito aquém do que seus fãs mereciam ter visto.

Não digo que José Aldo venceria Sterling em uma disputa de título, mas ele certamente proporcionaria um combate justo, diferentemente do que vimos quando TJ lutou com o ombro deslocado. Ao mesmo tempo, sua despedida poderia ser durante uma luta pelo cinturão, o que faria jus à carreira do 'Campeão do Povo'. Infelizmente, uma decisão infeliz roubou este momento dos fãs?