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Time da 3ª divisão mostra caminho contra racismo: quem estará com Vini Jr?

A violência não é apenas contra Vinicius Jr, ela é ainda maior. Só no fim de semana que passou (30 e 31 de março), a Espanha presenciou vários casos de injúria racial no futebol. Em um deles, na terceira divisão, um exemplo que pode ser transformador.

Na partida entre El Sestao River e Rayo Majadahonda, pela terceira divisão do Campeonato Espanhol, o goleiro Sarr, do Rayo Majadahonda, sofreu insultos racistas de uma parte da torcida do time da casa, não aguentou e partiu pra cima dos agressores. Ele foi expulso. Em solidariedade, o time inteiro do Rayo foi para o vestiário e não voltou ao campo para terminar a partida, que acabou sendo suspensa pelo árbitro por volta dos 45 minutos do segundo tempo.

Não se sabe o que acontecerá com o pequeno time, provavelmente será punido por abandonar o jogo. O que seria mais um erro do movimento jurídico privado do esporte. Como punir um time que protestou contra a violência a direitos humanos?

Mas o que fica é: e se fosse o Real Madrid, em defesa de Vini Jr, o que aconteceria depois? E se Sevilla também saísse de campo pelas agressões que Acuna sofreu?

Serei ousado em afirmar, o movimento esportivo teria que mudar a lógica vigente, proteger direitos humanos e punir os agressores. E isso que manda o direito ... e os próprios regulamentos privados do futebol.

Fifa e direitos humanos

A verdade é que o mundo exige hoje de todos, inclusive das entidades esportivas uma política ativa, ou seja, de proteção de direitos humanos. A postura passiva, de apenas respeitar direitos humanos já é muito pouco.

Exigir de quem faz parte da cadeia associativa do esporte esse comportamento é a missão.

Esporte não se afasta do direito e o direito tem como base a proteção de direitos humanos. A Declaração Universal de Direitos Humanos, tratados internacionais e os próprios regramentos internos da Fifa reforçam esse compromisso inegociável.

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Basta dar uma olhada no estatuto da entidade, a "constituição" do movimento privado do futebol.

No art 4. 2, a entidade se declara neutra em matéria política e religiosa (tentando proteger a utopia da neutralidade esportiva). Mas complementa escrevendo que exceções se darão em casos que dizerem respeito aos objetivos estatutários da Fifa.

Um pouquinho antes, o artigo 3 do estatuto diz que a Fifa protege direitos humanos.

A entidade traz ainda a Política de Direitos Humanos apresentada em 2017 e um novo Código Disciplinar que se tornou mais rigoroso no combate ao preconceito.

O exemplo do Rayo

O pequeno time da Espanha traz uma lição para Real, Sevilla, Milan, PSG e tantos outros clubes que tiveram atletas vítimas de preconceito. O posicionamento coletivo pode gerar a mudança necessária.

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No meu livro Esporte e Direitos Humanos, como Caso George Floyd ajudou a mudar as regras do jogo, conto, com exemplos e doutrina, como a morte de um negro por um policial branco nos EUA desencadeou uma série de mudanças nos regulamentos privados do esporte que protegeram direitos humanos.

Os atletas, com o apoio de patrocinadores e da opinião pública, decidiram agir.

Pressão coletiva gera irritação, que provoca debate, que traz aprendizado e isso pode trazer mudança efetiva.

Mas é preciso vencer o silêncio constrangedor de colegas.

Desde sempre que grandes transformações passam necessariamente por processos difíceis, que exigem luta e suor.

No esporte, o poder coercitivo das normais internas do esporte conseguiu segurar atletas de se posicionarem politicamente contra o preconceito durante muito tempo. Ainda consegue. Mas até quando?

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O Rayo deu um caminho. Quem mais estará com Vini Jr para tentar provocar uma mudança efetiva do futebol na proteção de direitos humanos?

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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