Topo

Fábio Seixas

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Em Miami, Verstappen enfrenta Ferrari motivada e sina de "tudo ou nada"

Max Verstappen nos boxes da Red Bull antes da classificação para o GP de Miami - Mark Thompson/Getty Images/Red Bull
Max Verstappen nos boxes da Red Bull antes da classificação para o GP de Miami Imagem: Mark Thompson/Getty Images/Red Bull

Colunista do UOL

08/05/2022 11h13

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Na primeira fila, uma equipe em êxtase. Leclerc na pole position, Sainz em segundo, a primeira dobradinha da Ferrari num grid de largada desde 2019. Na fila imediatamente atrás, um piloto preocupado, com aquela sensação de estar numa armadilha da qual não consegue escapar.

Terceiro colocado no grid do GP de Miami, Verstappen fez duras críticas à Red Bull depois da sessão de classificação. Sua principal queixa é a falta de confiabilidade do RB18, que já carimba uma marca incômoda na sua temporada: tudo ou nada.

Tem sido assim em 2022: ou o holandês vence ou abandona. Não houve, ainda, um meio termo. Na abertura do Mundial, no Bahrein, sofreu com um problema numa bomba de combustível a três voltas da bandeirada. Na prova seguinte, na Arábia Saudita, vitória. Em Melbourne, nova pane no sistema de combustível. Em Imola, nova vitória.

Enquanto isso, Leclerc pontuou em todas as etapas do campeonato, subindo ao pódio em três desses quatro GPs. O resultado está na tabela do Mundial de Pilotos: o monegasco é o líder, com 86 pontos, enquanto o atual campeão mundial está em segundo, com 59.

max1 - Peter Fox/Getty Images/Red Bull - Peter Fox/Getty Images/Red Bull
O holandês Max Verstappen, da Red Bull, durante a sessão de classificação para o GP de Miami
Imagem: Peter Fox/Getty Images/Red Bull

Em Miami, até agora, o clima nos boxes da Red Bull é de receio. E Verstappen fez questão de deixar isso claro nas entrevistas que concedeu no paddock após a definição do grid.

"Dei só quatro ou cinco voltas na sexta, o que é impensável numa pista nova, de rua. Em situações assim, é fundamental completar muitas voltas e entender o carro", disse. "Num circuito normal, é mais fácil encontrar o ritmo. Num circuito de rua é diferente, e falhamos neste ponto. Está caótico. Estamos tornando as coisas mais difíceis para nós mesmos."

A sexta-feira do holandês foi, de fato, caótica.

No primeiro treino livre, ele foi o segundo piloto que menos completou voltas, 14, resultado de um problema de superaquecimento que exigiu a troca da caixa de câmbio. O trabalho demorou, e ele perdeu o início da segunda sessão. Quando foi à pista, novo baque: uma pane hidráulica o obrigou a voltar aos boxes depois de apenas uma volta.

Enquanto isso, seu adversário na luta pelo título acumulava quilometragem e experiência no novo circuito. Leclerc completou 57 voltas na sexta-feira.

Para Verstappen, isso fez toda a diferença na luta pela pole position.

"Só comecei a aprender a pista hoje [sábado], tentando coletar dados e encontrar um acerto. Até então eu não tinha nenhuma dica do que fazer", afirmou. "Não podemos sofrer esse tipo de situação quando estamos lutando contra uma equipe tão forte. Fomos próximos, mas eu poderia ter feito um trabalho melhor na classificação se tivesse tido uma sexta-feira limpa. No Q3 eu ainda estava tentando entender alguns pontos de frenagem para ir mais rápido."

O clima na Ferrari é exatamente o oposto.

A dobradinha em Miami é a primeira da escuderia desde o GP do México de 2019 _na ocasião, com Leclerc e Vettel. É, ainda, a confirmação da fase exuberante do monegasco em classificações nesta temporada: conquistou um lugar na primeira fila em todos os cinco GPs. Por fim, há uma motivação extra nos boxes da equipe neste domingo: hoje completam-se 40 anos da morte de Gilles Villeneuve, o piloto que melhor sintetizou a alma ferrarista.

Verstappen tem braço e pé pesado para superar tudo isso. A partir das 16h30 (de Brasília) saberemos se ele também terá carro e motor.