Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Verstappen tem dia perfeito e afunda Hamilton no jejum
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Ao cruzar em primeiro lugar a linha de chegada do GP da Áustria e fazer explodir a torcida holandesa nas arquibancadas, Verstappen talvez não tenha processado a dimensão da sua façanha, não tenha feito as contas, não tenha resgatado essa memória.
Mas o que ele conquistou neste domingo é grandioso.
Foi sua 15ª vitória na F-1, a quinta em nove GPs nesta temporada, a terceira consecutiva.
Foi, pela primeira vez em sua carreira, um "grand chelem": pole position, vitória, melhor volta e liderança de ponta a ponta.
Mas a grande notícia é a série de derrotas que a Red Bull impõe a Hamilton.
Cinco.
Em condições de disputa de título, é a primeira vez desde 2016 que o inglês fica tantas etapas seguidas sem vencer.
É muito. É uma marca chocante porque envolve um piloto da estirpe de Hamilton, um obcecado por resultados, um heptacampeão mundial, um cara com 100 poles e 98 vitórias no bolso do macacão.
Há cinco anos, o inglês assistiu a quatro vitórias de Rosberg e a uma de Ricciardo entre os GPs da Bélgica e do Japão. No fim daquele campeonato, o alemão sagrou-se campeão mundial.
O campeonato é longo, ainda há 14 etapas pela frente, mas tudo indica que o roteiro de 2021 irá pelo mesmo caminho. Uma rara derrota de Hamilton.
O GP da Áustria assistiu a mais um desfile de Verstappen, a uma vitória que não foi ameaçada em nenhum momento.
Na largada, o holandês promoveu um replay do domingo passado. Jogou o carro pra direita, bloqueou qualquer eventual ataque, contornou a primeira curva na frente.
Mais pra trás, Ocon foi ensanduichado por Giovinazzi e Schumacher. Teve a suspensão dianteira quebrada e acabou na zona de escape. Safety car na pista.
A relargada veio na quarta volta e foi bem mais agitada. Bottas passou Hamilton, que logo deu o troco. Pérez partiu pra cima de Norris de forma ensandecida.
Tentou uma vez, tentou duas vezes, forçou onde não dava. O dois quase se tocaram na curva 3 e o mexicano levou a pior: foi parar na brita e caiu para décimo.
Ok, Norris forçou a barra na defesa, mas Pérez foi juvenil demais ao querer resolver tudo ali, em poucas curvas. Além de arrasar com suas chances de pódio, facilitou a vida da Mercedes. Merece um puxão de orelha após o GP.
Sem ser incomodado por Norris, Verstappen tratou de abrir vantagem. Na décima volta, já tinha 4s para o inglês, que sofria forte pressão de Hamilton.
Na 13ª volta, Tsunoda abriu os pits para a turma que largou com pneus macios. Stroll, Gasly e Vettel, os outros que fizeram essa opção, pararam logo depois.
Verstappen? Seguia num voo solitário. Na 20ª volta, tinha 8s9 sobre Norris, que de certa funcionava como um escudeiro, bloqueando Hamilton.
A situação mudou na volta seguinte. A direção de prova resolveu punir Norris em 5 segundos pelo incidente com Pérez. A câmera on-board mostra que, de fato, ele jogou o mexicano pra fora no momento em que era atacado. Como seria necessário mudar a estratégia, ele imediatamente tirou o pé e deixou Hamilton passar.
Verstappen x Hamilton, portanto. Norris já não estava mais lá, mas havia 10s separando os dois. E essa diferença só fez aumentar volta a volta.
Na 32ª volta, Hamilton fez seu pit. Tirou os pneus médios, colocou os duros. Sem sustos, Verstappen parou na volta seguinte, cumpriu estratégia idêntica, e voltou pra pista.
Dez voltas depois, Pérez aprontou de novo. Cometeu, com Leclerc, manobra idêntica à que sofreu de Norris. A FIA fez o mínimo: foi justa e o puniu com 5 segundos. Logo depois, novo enrosco entre ambos, nova forçada de barra do mexicano, nova punição.
Que dia para Pérez...
"Estou perdendo a traseira, não consigo ir muito mais rápido", disse Hamilton pelo rádio. O inglês sofria com um dano no assoalho. Não conseguia nem sequer ver Verstappen e por outro lado era pressionado por Bottas. "Não vou conseguir fazer esses pneus durarem."
Sem ter muito o que fazer, Hamilton abriu para o finlandês, não conseguiu segurar Norris e foi para um novo pit stop.
Verstappen fez o mesmo, colocou pneus novos no final da corrida, mas por motivos completamente diferentes: para levar o carro com segurança à bandeirada.
Bandeirada que veio com 17s9 para Bottas. Norris cruzou em terceiro.
Hamilton precisou se conformar com a quarta colocação.
No Mundial, Verstappen agora abre 32 pontos sobre Hamilton: 182 a 150. No Mundial de Construtores, a Red Bull tem 286 contra 242 da Merceds.
As estatísticas mostram que na virada de 2017 para 2018, o inglês ficou seis GPs sem vitórias. Mas ele já havia garantido seu quarto título quando o jejum começou. As últimas três etapas de 2017, para ele, não valiam nada. Desta vez, sem dúvidas, ele vai sentir.
É em 2016 que vai pensar.
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