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Pérez vence na montanha-russa de Baku
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Foi uma montanha-russa. O GP do Azerbaijão, em Baku, vai ficar na memória.
A vitória esteve nas mãos de Verstappen. Escapou em um pneu estourado a cinco voltas do fim. A vitória passou pelas mãos de Hamilton. Escapou em um raro erro do inglês a três voltas da bandeirada.
A maior glória do dia coube a Pérez, companheiro do holandês na Red Bull. Foi a segunda vitória do mexicano na F-1, a primeira na temporada, a primeira pela nova equipe. E Baku se firma como cenário de corridas imprevisíveis: Pérez é o quinto piloto a vencer em cinco edições da prova.
Vettel, da Aston Martin, foi o segundo colocado. Gasly, da AlphaTauri, completou o pódio. Alguém poderia imaginar um pódio assim?
Com o resultado, Verstappen e Hamilton mantiveram os mesmos pontos que trouxeram de Mônaco: 105 a 101 para o holandês.
"Fico triste pelo Max, mas foi um resultado fantástico para mim. A gente tinha um ritmo muito forte na prova", declarou Pérez.
Foi a conclusão tumultuada de um GP que começou tranquilo.
A largada foi das mais comportadas. A turma da frente guardou posições, ninguém tentou nenhuma graça, todo mundo estava escolado com o festival de batidas do sábado. O maior destaque foi Pérez, que pulou de sexto para quarto, deixando Gasly e Sainz para trás.
Mas a liderança de Leclerc durou pouco. No fim da segunda volta, Hamilton encostou na Ferrari no fim da reta, fez a ultrapassagem sem grandes dificuldades e assumiu a ponta.
Na quinta volta, o inglês tinha 0s7 sobre o monegasco, que mantinha diferença semelhante para Verstappen. Um sanduíche de Ferrari. Mas, de novo, durou pouco. Duas voltas depois, o holandês deu o bote. Abriu a asa e passou.
Ficou no mano a mano: Hamilton x Verstappen.
Na oitava volta, Pérez foi mais um a passar a Ferrari. O mexicano estava endiabrado e assumiu o terceiro lugar. Quase que simultaneamente, Alonso e Norris abriram a primeira janela de pits, colocando pneus duros. Leclerc parou duas voltas depois e colocou os médios.
Na 12ª, um dos momentos-chave da corrida. A infalível Mercedes errou.
Hamilton foi para o pit. A equipe se atrapalhou para trocar seu pneu traseiro esquerdo. A parada levou 4s6, uma eternidade para os padrões da F-1.
Verstappen acelerou feito um louco e entrou nos boxes na volta seguinte. A Red Bull voou: 1s9 para trocar seus pneus. O holandês voltou à pista na frente do rival e começou a sentir o cheiro da vitória.
"Como isso aconteceu?", indagou Hamilton pelo rádio. "Foi a parada", respondeu o engenheiro, lacônico. Não havia muito o que dizer...
Mas ainda tinha mais. Pérez entrou na 14ª, fez um pit também ruim, em 4s3, mas suficiente para também superar o inglês. Era tudo o que Verstappen queria: um escudo entre ele e Hamilton. O mexicano ganhou uma grande chance de ficar bem na foto com a Red Bull.
Na 19ª volta, Vettel, que estava na liderança por causa de uma estratégia diferente, fez seu pit. Verstappen enfim assumiu a ponta do GP. Na 20ª, tinha 3s3 sobre Pérez. Hamilton estava a 1s2 do mexicano e não conseguia de jeito nenhum encaixar um bote.
Era o sonho da Red Bull se tornando realidade. E a Mercedes vivendo um dia de pesadelo.
"Estou perdendo terreno", disse Hamilton pelo rádio, na 24ª volta. Àquela altura, a diferença dele para Pérez havia subido para 2s9.
"Mantenha o foco", pediu o engenheiro da Red Bull para Verstappen. "Está tudo certo, mas você precisa manter a concentração."
Ou seja, estava fácil para o holandês. Tão tranquilo que seu maior desafio era não desviar a atenção. Volta a volta ele foi conseguindo aumentar sua vantagem. Na 30ª volta, já tinha quase 7 segundos sobre Pérez, com um Hamilton impotente atrás de si.
Foi quando veio o safety car, a primeira luz no fim do túnel para Hamilton.
Na 31ª volta, o pneu traseiro esquerdo de Stroll estourou em pleno retão e ele foi pro muro. Aston Martin destruído e o pelotão reunido.
A turma lá de trás aproveitou para fazer um pit extra e tentar alguma estratégia diferente: Alonso, Giovinazzi, Russell e Schumacher. O pessoal da frente não quis nem pensar em arriscar.
A relargada veio na 36ª volta. "Dá o máximo. Tente aquecer seus pneus", pediu o engenheiro para Verstappen.
O holandês obedeceu, pisou fundo e manteve a ponta. Hamilton emparelhou com Pérez, mas não conseguiu concluir a manobra. Quem deu show foi Vettel, que passou Leclerc e logo depois deixou Gasly também para trás.
O top 10 na 37ª volta tinha Verstappen, Pérez, Hamilton, Vettel, Gasly, Leclerc, Tsunoda, Norris, Sainz e Ricciardo.
O resultado parecia definido até que veio o pneu estourado de Verstappen. O traseiro esquerdo. Em plena reta. E, em uma fração de segundo, tudo mudou.
A Red Bull #33 foi pro muro. Verstappen viu sua terceira vitória no ano escorrer pelos dedos.
Irritado, impotente, fez a única coisa que estava a seu alcance: saiu do carro e deu um chute no pneu.
Bandeira vermelha, foram 37 minutos até a relargada. Pela segunda vez no dia, Hamilton viu uma luz no fim do túnel.
Quando as luzes apagaram, Hamilton partiu para o tudo ou nada sobre Pérez. Colocou o carro à esquerda, fez a ultrapassagem... Mas perdeu o ponto de freada. Passou reto. Um erro raríssimo de um piloto heptacampeão mundial.
Vitória para Pérez. "Eu não saí bem na relargada, retardei a freada. Não funcionou pra ele, mas foi ótimo para mim", declarou o mexicano, na entrevista após a prova, sorriso de orelha a orelha.
Ainda tem muito campeonato pela frente, o Mundial ainda está no seu primeiro terço. Mas já está claro que a Mercedes não é mais a grande potência dos últimos anos. Assim como está evidente que a Red Bull cresceu e que, agora, pode contar com seu segundo piloto.
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