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Diogo Silva

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Diogo: Parataekwondo brasileiro é melhor do mundo e nem foi visto no Brasil

Medalhistas olímpicos brasileiros no parataekwondo Nathan Torgato, Débora Menezes e Silvana Fernandes, ao lado do diretor técnico Rodrigo Ferla (dir); da fisioterapeura lisa Pilarsk (centro) e do técnico Alan Nascimento (esq.) - Arquivo pessoal/Rodrigo Ferla
Medalhistas olímpicos brasileiros no parataekwondo Nathan Torgato, Débora Menezes e Silvana Fernandes, ao lado do diretor técnico Rodrigo Ferla (dir); da fisioterapeura lisa Pilarsk (centro) e do técnico Alan Nascimento (esq.) Imagem: Arquivo pessoal/Rodrigo Ferla

O parataekwondo estreou nos Jogos Paralimpicos de Tóquio no dia 02 de setembro com duas categorias masculinas e duas femininas. A delegação brasileira de parataekwondo k44 levou três atletas e conquistou três medalhas paralimpicas. Nathan Torgato, de 20 anos, da categoria até 61 kg, voltou para casa com o ouro no peito; a campeã mundial Débora Menezes, de 31 anos, conquistou a prata; e ainda teve um bronze com Silvana Fernandes, de 22 anos, na modalidade até 58kg.

Ranking geral do parataekwondo em Tóquio - Reprodução - Reprodução
Ranking geral do parataekwondo em Tóquio
Imagem: Reprodução

O resultado foi tão espetacular que colocou o Brasil em primeiro lugar no quadro geral do parataekwondo em Tóquio à frente de potências como Irã, em segundo, e Dinamarca, em terceiro.

Dentre todas as modalidades paralímpicas com participação de brasileiros, o parataekwondo foi a quarta que mais angariou medalhas para o país, atrás de natação, atletismo e canoagem.

E olha que o trabalho com parataekwondo no Brasil é recente. Enquanto o mundo iniciou os treinamentos pensando em Tóquio em janeiro de 2015, os brasileiros começaram em setembro de 2017.

E esses quatro anos foram muito produtivos, com a formação da Débora, que foi campeã mundial em 2019, com a conquista de cinco medalhas no Parapan de Lima, com destaque para os ouros de Nathan e Silvana, e agora três pódios em Tóquio.

Quadro de medalhas do Brasil nas Paralimpiadas de Tóquio por modalidade - Reprodução - Reprodução
Quadro de medalhas do Brasil nas Paralimpiadas de Tóquio por modalidade
Imagem: Reprodução

Mesmo com tanto sucesso, uma grande falha foi cometida. Nenhuma luta dos parataekwondista foi transmitida para o Brasil, e as únicas imagens a que tivemos acesso foram de gravações dos próprios atletas.

Débora Menezes passou o primeiro dia fazendo lives para os fãs acompanharem as lutas, mas teve que apagar todos os vídeos por causa dos direitos de transmissão dos jogos paralímpicos.

A empresa OBS TV, responsável por vender os direitos dos Jogos Paralimpicos, cobra o valor de transmissão por modalidade cabendo aos países e às emissoras escolherem quais modalidades serão televisionadas.

O Comitê Paralimpico Internacional (IPC), que também faz transmissões pelo seu canal no youtube, pré-seleciona as modalidades transmitidas com a mesma argumentação dos altos valores cobrados pela OBS.

O técnico e diretor-técnico da seleção brasileira, Rodrigo Ferla, que estava muito emocionado pelas conquistas brasileiras, mencionou preocupação pelas lutas não serem transmitidas. Para eles, é perder uma oportunidade para impactar jovens talentos a ingressarem na seleção.

Imagine se a estreia do skate nas Olimpíadas de Tóquio não tivesse sido transmitida no Brasil, se não tivéssemos acesso às imagens das manobras da nossa Rayssa Leal que conquistou a prata na modalidade street? A Fadinha inspirou muitas meninas a andarem de skate, mas se elas não tivessem visto a conquista da skatista pela TV, muito provavelmente não teriam tido incentivo para começar a prática do esporte.

A lógica é a mesma com o parataekwondo. Se não é visto, não inspira.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que foi informado, o terceiro lugar do ranking geral do parataekwondo nos Jogos Paralimpicos de Tóquio ficou com a Dinamarca, e não com a Noruega. O erro foi corrigido.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL