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Clodoaldo Silva

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

A luta de atletas paralímpicos contra o coronavírus

Medalhista paralímpico, o judoca Antonio Tenório ganhou se recupera da covid-19 em hospital na Grande SP - Bruna Prado/Getty Images
Medalhista paralímpico, o judoca Antonio Tenório ganhou se recupera da covid-19 em hospital na Grande SP Imagem: Bruna Prado/Getty Images

08/04/2021 17h19

Ninguém escapa do coronavírus. Nas últimas semanas, atletas paralímpicos entraram nas estatísticas de mortes ou de internação da covid-19. Sem rumo, o vírus se espalhou rapidamente e, mais do que antes, está atingindo todas as faixas etárias. O fato de ser atleta ou ex-atleta não garante que as pessoas não serão acometidas pela doença. E, no caso, de ser uma pessoa com deficiência, dependendo da sua deficiência, o risco para adquirir a covid é ainda maior.

Na última semana, Antônio Tenório, maior judoca paralímpico dos últimos tempos, foi internado na UTI por conta da doença. Nesta semana, apresentou melhora e agora está no quarto de um hospital de Itapevi, na Grande São Paulo.

A ex-velocista paralímpica Adria Santos e seu marido e guia, Rafael Krub, também não passaram ilesos ao vírus. Adria admite que as últimas quatro semanas foram muito tensas e que os dois enfrentaram a doença em casa, mas que Rafael passou por momentos mais delicados que ela.

"Tive muito medo porque durante o tempo que fiquei doente vi conhecidos indo embora e muitos atletas doentes aqui em Joinville. O meu psicológico está muito abalado ainda", afirmou a maior medalhista paralímpica mulher do Brasil.

Nas redes sociais, Adria falou sobre o assunto, pedindo que as pessoas se cuidem mais. "Passamos muito mal. Não é algo fácil de enfrentar. O fato de eu ser atleta não me ajudou, já que a imunidade abaixa quando fazemos exercícios. Tudo é muito complexo. Passa muitas coisas na nossa cabeça", afirmou. Confira abaixo o depoimento da atleta:


Infelizmente, alguns atletas com deficiência perderam a batalha para o vírus no mês de março. A primeira foi Tainá Melany dos Santos, a Tininha, 29 anos. Ele está entre os brasileiros que não conseguiram vaga na UTI para tentar vencer o vírus. Faleceu no dia 5 de março em razão de complicações geradas pela covid-19.

Tininha, atleta de Rugby em Cadeira de Rodas, foi vítima da covid - Associação Brasileira de Rugby em Cadeira de Rodas - Associação Brasileira de Rugby em Cadeira de Rodas
Tininha, atleta de Rugby em Cadeira de Rodas, foi vítima da covid
Imagem: Associação Brasileira de Rugby em Cadeira de Rodas

Atleta da seleção brasileira de Rugby em Cadeira de Rodas, Tininha, que pratica a modalidade desde 2012, foi campeã brasileira, participou do Women's Cup Paris, em 2017 e de um torneio na Colômbia, em 2018. Durante sua carreira conquistou diversos prêmios, entre eles, o de melhor atleta 1.0/1.5.

Jogadora da equipe Gladiadores Curitiba Quad Rugby, a atleta cursava direito e se destacava não só pela sua habilidade em quadra, mas também por possuir grande carisma, ter muita disciplina e determinação.

Aparecido Lopes, atleta paralímpico, foi vítima da covid-19 - Reprodução/Redes sociais - Reprodução/Redes sociais
Aparecido Lopes, atleta paralímpico, vítima da covid-19
Imagem: Reprodução/Redes sociais

No dia 16 de março, Aparecido Lopes, 39 anos, também perdeu a vida para a covid. Ele morava em Uberlândia, MG, mas foi transferido para uma UTI em Goiânia porque 100% dos leitos da cidade mineira estavam ocupados. Os médicos fizeram todos os procedimentos cabíveis, mas o atleta não resistiu.

Apesar de ter ingressado no esporte somente em 2017, Aparecido Lopes já colecionava medalhas em competições regionais e brasileiras e estava trilhando para, em breve, participar de circuitos internacionais. Sua última competição foi no Regional Centro/Leste em Brasília, quando ficou com a medalha de ouro na categoria 88kg, com o levantamento de 175kg.

Deficiência visual e covid-19

As pessoas cegas precisam ter os cuidados redobrados com a covid-19. Tarefa nada fácil para uma pessoa cega ou com baixa visão manter o distanciamento social, não é mesmo? Como não colocar a mão no corrimão para descer uma escada ou como pegar o elevador sem que se toque várias vezes até acertar o local correto do botão?

É importante entender que as pessoas cegas e com deficiência visual severa têm as mãos como um instrumento principal para as suas percepções. Essas pessoas têm a necessidade de fazer uma exploração tátil para poder localizar o que precisam. O perigo é grande, já que o vírus se espalha por gotículas e pode estar em qualquer lugar. Por ter um contato físico maior, o risco de contágio dessa camada da sociedade também é grande.

Síndrome de down

Estudo publicado em outubro do ano passado pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, afirma que que a covid-19 é dez vezes mais mortal em pessoas com síndrome de Down.

Publicado no mês passado, um estudo da T21RS covid-19, uma colaboração entre médicos e cientistas de sete países que estudam o impacto do novo coronavírus sobre a população com Síndrome de Down, alertou que adultos com síndrome de Down podem ter três vezes mais chances de morrer por decorrência da covid-19, comparados com a população geral.

Excelente quinta-feira e abraços aquáticos para todos!