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Zaidan: Os times que podem evitar que Flamengo e Liverpool se reencontrem

Jorge Jesus durante jogo do Flamengo contra o Fluminense pelo Campeonato Brasileiro - Alexandre Vidal/Flamengo
Jorge Jesus durante jogo do Flamengo contra o Fluminense pelo Campeonato Brasileiro Imagem: Alexandre Vidal/Flamengo

09/12/2019 12h00

É claro que Jorge Jesus deve se preocupar com a semifinal, encarar o primeiro jogo como obstáculo, não como mera obrigação burocrática a ser cumprida antes da decisão. O mesmo vale para Jurgen Klopp. Mas é natural que o português e o alemão enxerguem a grande possibilidade de Flamengo e Liverpool se enfrentarem no Catar.

Olhando de longe, considerando os prováveis confrontos no caminho para a final, e ignorante do que podem fazer os outros times, suponho mais dificuldades na semifinal para o campeão europeu. É que o Monterrey tem bom elenco, muita gente experiente e com rodagem respeitável na Europa, jogadores de algumas seleções importantes; enfim, é uma equipe capaz de dar trabalho exaustivo. E a tabela da Fifa lançou essa encrenca na trilha do Liverpool.

A história começará logo: esta quarta-feira, o Al Sadd, representante dos anfitriões, jogará contra o inesperado Hienghene, da Nova Caledônia, que levantou a taça na Oceania. O vencedor desse embate enfrentará o Monterrey, sábado; então, finalmente, se definirá quem assumirá a árdua tarefa de disputar vaga com o Liverpool. Convenhamos, é razoável supor que a missão ficará com os mexicanos.

Também sábado, dia 14, o saudita Al Hilal, melhor da Ásia nesta temporada, terá pela frente o Espérance, da Tunísia, que venceu a Liga dos Campeões da África. É daí que sairá o oponente do Flamengo na semifinal, dia 17, terça-feira da semana que vem, véspera da partida do Liverpool contra o Monterrey, ou o Al Sadd, ou o Hienghene.

Uma espiada sem muita pressa na lista de jogadores do Al Hilal, uma olhada razoavelmente atenta no elenco do Espérance, e passei a achar que o time saudita tem mais chance de chegar à semifinal. De todo modo, o Flamengo é melhor que os dois.

No ano passado, Jorge Jesus foi treinador do Al Hilal; ele sabe, portanto, o que enfrentará, caso tenha de jogar contra os árabes. E mesmo que nunca tivesse tocado o solo saudita, Jorge Jesus saberia que quem enfrenta o Al Hilal tem de se preocupar com Gomis, experiente artilheiro francês, e com Carrillo, o rápido e driblador ponta peruano, e com o meia-atacante italiano Giovinco, ainda capaz de jogar bem— embora não mais como nos tempos de Parma e de Juventus. Também está por lá o brasileiro Carlos Eduardo, meio-campista que, há dez anos, jogou algumas partidas pelo Fluminense, passou uma temporada no Grêmio Prudente e, depois, foi fazer sua carreira em Portugal e na França.

Em certa medida, o clube saudita provocou um fato importante no trabalho que o português faz no rubro-negro carioca. Quando o Al Hilal contratou o Cuellar, Jorge Jesus poderia simplesmente escalar Pires da Motta para suceder ao colombiano no time titular. Muitos treinadores teriam feito tal escolha, pois o modo de jogar estava funcionando bem. Jorge Jesus, no entanto, resolveu alterar as coisas: recuou Arão e fez de Gerson a peça fundamental de seu meio-campo. A mudança desencadeou irrefreável e decisiva sequência de grandes jogos do Flamengo.

Quanto ao Espérance, está claro que é um clube com investimentos bem mais modestos que os do Al Hilal. O time tunisiano não tem jogadores famosos, internacionalmente reconhecidos, protagonistas de história relevante em clubes importantes. Nada disso, porém, deve ser tomado como prova de que o campeão da África não tem bom time, mas apenas que seus jogadores ainda são desconhecidos por grande parte do mundo.

De todo modo, mesmo considerando as possíveis qualidades do Al Hilal e do Espérance, sigo achando que, na semifinal, o Liverpool terá um obstáculo mais incômodo do que o do Flamengo. Se o futebol não nos confrontar outra vez com surpresas, inusitados, estranhezas, então o Monterrey vencerá o Al Sadd ou o Hienghene, passará sem sustos, e estará diante da seleção de Klopp.

O Monterrey é treinado pelo argentino Antonio Mohamed, que em seus tempos de atacante esteve em algumas partidas da seleção argentina e jogou por vários clubes mexicanos. Mohamed vai ao Mundial com muitos jogadores experientes, portadores de alguns talentos, acostumados com decisões: os argentinos Barovero, Vangioni, Basanta, Meza, Sánchez e Funes Mori, os colombianos Hurtado, Pabón e Medina, o holandês Janssen, o paraguaio Ortiz, além de Gallardo, Layún, Pizarro e Carlos Rodríguez, costumeiros na seleção mexicana. Dificilmente algum deles seria titular no Liverpool destes dias.

Fosse o título mundial desfecho de soma de pontos, com todos se enfrentando, a corrida estaria realmente restrita a Liverpool e Flamengo; e o time inglês, que tem melhores jogadores e melhor técnico, teria vantagem. Mas o torneio não é assim, percorre outros caminhos, tem cada etapa, do início ao fim, resolvida em um só jogo. E a competição se embrenha pelos eventos inesperados, pelo imprevisto: a falha do goleiro, a contusão no começo do embate, o erro do árbitro, a furada do artilheiro, o cartão vermelho.

Antes dos acontecimentos, porém, temos à disposição apenas o que os times já fizeram, e pretendemos supor o que podem fazer. E desde o que conseguimos enxergar, esperamos, sim, uma final entre o campeão sul-americano e o campeão europeu. Jorge Jesus, Klopp e os jogadores de Flamengo e Liverpool, pelo que têm dito, também acreditam que assim será.

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