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Gustavo Fogaça: Odair tem muitos méritos, mas errou nas duas finais

Ricardo Duarte/UOL
Imagem: Ricardo Duarte/UOL
Gustavo Fogaça

20/09/2019 10h47

O AthleticoPR venceu o Internacional em Porto Alegre e garantiu sua primeira Copa do Brasil, jogando com autoridade e sendo muito eficiente. E como era uma decisão de 180 minutos, as duas derrotas coloradas passaram muito pelas estratégias erradas de Odair Hellmann.

Mas antes de colocar toda a responsabilidade nas costas do jovem treinador, é muito importante resgatar como Hellmann assumiu o time e o devolveu à Série A e fez um Brasileirão espetacular em 2018 com um elenco limitadíssimo.

Entre os méritos do trabalho de Odair, o fato de tirar a "D'Alessandrodependência" do time é um destaque. Maior liderança do clube nos últimos anos, o argentino aceitou não ser titular o ano passado e o modelo de jogo de velocidade e transições conquistou uma vaga na Libertadores.

O treinador também tem o grande mérito de arrumar o sistema defensivo. A zaga gerava muita insegurança no começo do trabalho, e com firmeza e consistência, Odair conseguiu implementar uma organização defensiva sólida. Principalmente jogando em casa.

Também é importante lembrar que Odair resgatou o futebol de Nico Lopez (maior investimento do clube na década), de Marcelo Lomba, de Paolo Guerrero (que era uma dúvida aos olhos do mundo todo) e de jogadores que eram incógnitas, como Edenílson, Patrick, Parede e Lindoso.

O trabalho de Odair Hellmann no Internacional é competente e não merece ser interrompido no momento. Ao contrário, precisa de mais confiança e de contratações que qualifiquem o elenco.

Com todos esses predicados, ficou mais visível onde o treinador errou na leitura dos dois jogos da final. Na primeira partida, querendo ser reativo, escalou um time com jogadores para ser propositivo e ter controle da bola. Não deu match!

Na coletiva prévia ao segundo jogo, Odair disse que queria um time "com controle da bola e das ações da partida". Com a lesão de D'Alessandro, perdeu seu maestro. Mas em vez de colocar jogadores com característica de controle desde o começo, como Sobis ou Nonato, preferiu ir com um time de velocidade pelos lados.

No segundo tempo, as substituições não deram certo. Ao colocar Edenílson na lateral, perdeu o meio e o fator "surpresa". Nonato entrou, mas o time não jogava com ele: Cuesta e Moledo seguiram insistindo em bolas longas para Guerrero.

É claro que se pode esmiuçar a partida em diversos momentos que contem a história de acordo a cada tese especulada. O futebol permite diversas leituras. Mas de uma coisa não tenho dúvida: a leitura do contexto dos dois jogos foi falha por parte do treinador.

Assim, as estratégias pensadas e executadas não funcionaram. Além claro, de toda a qualidade e mérito do adversário. São opções, e o futebol é como a vida em si, uma constante escolha de opções. Odair Hellmann certamente aprenderá com essas finais e seguirá sua carreira promissora de treinador.

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