Zaidan: Tite deve definir como jogar sem Neymar em jogos sem importância
Neste sábado, lá em Portugal, a seleção brasileira enfrentará o Panamá; três dias depois, em Praga, jogará contra a República Tcheca. Faz anos que amistosos entre seleções servem primordialmente para que as federações nacionais, com pouco esforço, ganhem muito dinheiro. Não é por acaso que a Fifa tem exagerado no número de datas para esses amistosos. O negócio parece ser bom também para os organizadores e os intermediários. Já os torcedores reagem com bocejos.
Nestes dias de ansiedade e pressa, nestes tempos em que a velocidade virtual provoca enganosa sensação de que o mundo físico está demasiadamente lento, o público não tem muita paciência com jogos em que nada está em disputa. É claro que Tite não deve se perturbar com essas coisas. Ele tem de aproveitar cada treino e cada jogo para tentar formar um bom time. É sempre útil lembrar que a simples reunião de bons jogadores não garante que se chegará a um bom time. Na Copa disputada na Rússia, o Brasil tinha bons jogadores, além de um craque; no entanto, jogou um futebol medíocre.
Neymar, todos sabemos, está fora de ação. Tite pensou em substituí-lo por Vinícius Junior, sem que houvesse mudança importante no esquema de jogo; mas também Vinícius se contundiu. As circunstâncias, pois, devem provocar uma mudança tática, ainda que efêmera. Às vezes, a substituição de um único jogador desencadeia mudanças importantes no modo de um time jogar.
Foi o que aconteceu quando Dunga deu chance para Renato Augusto: em vez de dois volantes alinhados, preocupados em proteger a zaga, o time passou a jogar com apenas um volante, enquanto Elias, pela direita, e Renato Augusto, pela esquerda, deveriam marcar, armar e finalizar. Quando Tite substituiu Dunga, o esquema foi mantido, então com Paulinho no lugar de Elias. Já Renato Augusto ficou no time e permaneceu com a função adicional de marcar pela esquerda, liberando Neymar de tal preocupação e protegendo Marcelo - que joga muita bola, mas não é bom marcador. Quando Renato se machucou, pouco antes da Copa, e Coutinho entrou no meio-campo, a seleção ganhou força no ataque e perdeu capacidade de marcação.
No pós-Copa, Tite, como é natural, experimenta mudanças, que começam com Arthur. O camisa 8 do Barcelona tem características e qualidades que faltaram ao meio-campo brasileiro na Copa de 18. Também chegaram Paquetá, Militão, Everton, Allan, Richarlison e Vinícius Junior. As circunstâncias - elas, outra vez - levaram à convocação de Neres e de Alex Telles (Telles, aliás, já deveria estar na seleção há dois ou três anos).
Permanece, porém, a questão: quando Neymar está fora de combate, é melhor mudar o modo de jogar? Pois bem, nos amistosos de agora não haverá Neymar. Talvez Tite consiga organizar um time mais equilibrado, mas perderá improviso, drible e capacidade de fazer gols. O torcedor não anda se empolgando com amistosos; estará, nestes dias, muito mais preocupado com os jogos de seu clube no Estadual. Tite, contudo, sabe que tem longa estrada pela frente, que cada trecho percorrido é importante, o que inclui jogos que, do público, só arrancam bocejos.
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