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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Rocha: Não ceder contragolpes é a chave do sucesso do Palmeiras de Abel

Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, comemora o título da Recopa - Ettore Chiereguini/AGIF
Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, comemora o título da Recopa Imagem: Ettore Chiereguini/AGIF

Colunista do UOL Esporte

03/03/2022 06h47

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As prévias para o jogo da volta da Recopa Sul-Americana apontavam o Palmeiras com Jailson no meio-campo, formando uma trinca com Danilo e Zé Rafael.

Cuidado desnecessário contra o mais que cauteloso Athletico de Alberto Valentim longe da Arena da Baixada. Ainda mais sem Nikão e Renato Kayzer no ataque para esta temporada. E com Pablo...

Abel Ferreira acertou em cheio ao escalar Gabriel Verón para o jogo decisivo no Allianz Parque. Fazia a saída de bola com Marcos Rocha, Gustavo Gómez e Murilo, mais Danilo e Zé Rafael no apoio.

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Na frente, Dudu bem aberto à direita pra alargar o campo e contando com a aproximação de Raphael Veiga. Rony como a referência móvel de sempre e, pela esquerda, Piquerez e Verón alternando os ataques por fora e por dentro. Um 3-2-5 com bola bem planejado para criar espaços.

Valentim respondeu com um 4-4-2 estruturado para que os jogadores da última linha ficassem bem próximos, fechando o "funil". Se fosse preciso, os meias abertos, Matheus Fernandes e Léo Cittadini voltavam bastante, quase como laterais, sustentando pelos flancos e formando uma linha de cinco ou até seis homens. Pablo e Terans acompanhavam os setores bem recuados e ajudavam a defender na própria intermediária.

Novamente faltou criatividade ao atual bicampeão sul-americano. Circulava a bola, conseguia progredir no campo adversário, mas não tinha a jogada surpreendente, individual ou coletiva, para furar o bloqueio. Quando acontecia, especialmente com Dudu, o toque final não era perfeito.

Só que o amadurecimento do trabalho de Abel e a confiança pelas conquistas recentes ajudam o Palmeiras a não se desesperar nesse cenário. Já havia acontecido contra o Al Ahly no Mundial e se repetiu agora. O time trabalha com paciência e não se incomoda com os erros. Persiste, tenta forçar a falha do oponente ou espera a brecha aparecer.

Poderia ter acontecido ainda na primeira etapa, no pênalti claro, para este que escreve, de Thiago Heleno puxando a camisa de Rony dentro da área athleticana. Ficou para a bela cobrança de falta de Zé Rafael, consolidando o bom início do segundo tempo do time da casa. Chute defensável para um goleiro do nível de Santos, mas não tira os méritos do camisa oito alviverde.

Assim como no duelo com o campeão africano em Abu Dhabi pelo Mundial de Clubes FIFA, o gol marcado praticamente definiu o confronto. Porque o Athletico de Valentim se perde quando avança as linhas. Cria pouco e é desorganizado atrás. Cedeu espaços para um Palmeiras que cruzara 21 bolas no primeiro tempo, mas passava a ficar confortável em sua proposta de jogo.

Abel reoxigenou o time com Jailson e Atuesta - Wesley entrou na vaga de Verón, na volta do intervalo, para cumprir a mesma função pela esquerda. Bola roubada, aceleração, passe de Atuesta e gol do ótimo e inesgotável Danilo. Na falta do centroavante, os volantes decidiram mais um título. O quarto da Era Abel Ferreira.

Um time que não se abala mais com muros à sua frente, ao menos nas partidas que importam para um clube que vai se especializando em torneios de mata-mata. Porque mesmo criando pouco tem como chave do sucesso não ceder contragolpes aos adversários.

Ocupa o campo de ataque, mas sempre concentrado na transição defensiva. Reagindo rápido, pressionando logo depois de perder a bola ou voltando e controlando o rival com os três atrás e mais o volante que fica mais preso. Se tudo der errado, ainda tem Weverton como último recurso para impedir o gol. Sempre compete e dificilmente se desmancha, tática e emocionalmente.

Assim teve 53% de posse, 87% de efetividade nos passes, 23 finalizações. Onze de dentro da área, apenas cinco no alvo. Mas cedendo apenas sete e duas na direção da meta de Weverton. O suficiente para fazer 2 a 0 e, desta vez, comemorar com a torcida presente. Ainda que sem Abel à beira do campo no apito final, por ter sido novamente expulso.

Mas quem se importa? Título inédito e conquistado à maneira do treinador português. Agora recordista de conquistas internacionais no clube: três taças, superando as duas de Luiz Felipe Scolari. Histórico.

(Estatísticas: SofaScore)