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André Rocha

Santos chega à inédita final paulista na Libertadores com mais estabilidade

Jogadores do Santos comemoram gol sobre o Boca Juniors na semifinal da Copa Libertadores - Sebastiao Moreira-Pool/Getty Images
Jogadores do Santos comemoram gol sobre o Boca Juniors na semifinal da Copa Libertadores Imagem: Sebastiao Moreira-Pool/Getty Images

Colunista do UOL Esporte

13/01/2021 21h16

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O Santos é mais time que o Boca Juniors e provou isso nos 180 minutos da semifinal. Assim como fez contra o Grêmio nas quartas, mesmo empatando como visitante nas duas etapas. Ao contrário do susto nas oitavas, vencendo a LDU fora e perdendo na Vila Belmiro, garantindo a vaga apenas pelo gol "qualificado" - 2 a 1 em Quito, 0 a 1 em Santos.

Diego Pituca novamente foi uma das diferenças a favor da equipe de Cuca. Meio-campista que fecha por dentro na segunda linha de quatro e sai para articular e também aparecer na área, como no gol que abriu o placar. Com inteligência e concentração, dando sequência ao ataque, mesmo com a possibilidade de pênalti o chute de Soteldo que bateu no braço do zagueiro Lisandro López.

Assim como na goleada sobre o Grêmio, o alvinegro praiano começou com intensidade máxima desde o início, com chute forte na trave de Marinho. O ponta pela direita do 4-2-3-1 móvel de Cuca, que teve Soteldo partindo da esquerda e Lucas Braga mais por dentro. Tanto para auxiliar Kayo Jorge na pressão sobre zagueiros e volantes do Boca quanto para acelerar as transições ofensivas.

Direto, mas também envolvente. Com 43% de posse e 13 finalizações contra duas - seis no alvo, uma nas redes contra zero do time xeneize na direção da meta de João Paulo, o substituto de Jhon, com Covid-19. Um primeiro tempo de superioridade inquestionável.

Mas conseguiu ser superado no início da segunda etapa, com ainda mais organização e espaços cedidos pelo oponente. Buffarini e Capaldo entraram nas vagas de Jara e Diego González entregando mais força ofensiva, porém sem mexer no 4-4-2 engessado de Miguel Angel Russo.

O Santos resolveu o jogo e o confronto em cinco minutos, com uma virtude desde o time vice-campeão brasileiro de 2019 sob o comando de Jorge Sampaoli: velocidade e vitória pessoal pelos flancos. Soteldo cortou da esquerda para dentro e marcou o segundo aos três. Dois minutos depois, jogada sensacional de Marinho pela direita, gol de Lucas Braga.

O Boca jogou a toalha e perdeu a cabeça com a expulsão de Frank Fabra ao pisar em Marinho. Ainda tentou atacar com Ramón Ábila no lugar de Soldano em um 4-3-2. Mas não afetou o controle santista, mantendo a posse de 43%, porém finalizando mais oito vezes, totalizando 20 conclusões em 90 minutos, e só cedendo um chute no alvo do Boca. Com os laterais Pará e Felipe Jonatan alternando o apoio por dentro e por fora.

Na defesa, a fibra de Lucas Veríssimo, que seguiu em campo mesmo com corte profundo e sangrando demais na primeira etapa. Mais um símbolo desta campanha histórica. Novamente se impondo diante do outrora "bicho-papão" argentino, que chega a 14 anos sem título de Libertadores. Os 3 a 0 construíram a maior vitória no duelo em jogos oficiais. Nem precisou do pênalti claro de Izquierdoz sobre Marinho na Bombonera.

Porque o Santos ganhou estabilidade e confiança ao longo da campanha, consolidando um fantástico trabalho do Cuca. Mas a final contra o Palmeiras no Maracanã não tem favorito. Jogo único, rivalidade histórica. Serão 17 dias de preparação. Talvez o time da Vila Belmiro tenha a tranquilidade de administrar melhor no Brasileiro, enquanto o Alviverde pode ser seduzido pela chance de faturar a inédita tríplice coroa nacional com o "vácuo de poder" por conta da instabilidade dos principais concorrentes.

O Santos vai atrás do tetra sul-americano em sua quinta final com solidez impressionante.

(Estatísticas: SofaScore)