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André Rocha

Palmeiras sobrevive ao primeiro teste de fogo. Santos demonstra força

Marinho e Willian se cumprimentam antes de Santos x Palmeiras pelo Brasileirão 2020 - Fernanda Luz/AGIF
Marinho e Willian se cumprimentam antes de Santos x Palmeiras pelo Brasileirão 2020 Imagem: Fernanda Luz/AGIF

Colunista do UOL Esporte

05/12/2020 20h43

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Mesmo com todos os problemas, inclusive a ausência de Cuca com Covid-19, e considerando as oscilações naturais na temporada atípica, o Santos decepcionou contra a LDU na terça-feira, dentro da Vila Belmiro. Ainda que tenha confirmado a classificação para as quartas-de-final da Libertadores contra o Grêmio.

Talvez o desempenho tenha sido impactado pela vantagem conquistada em Quito e até pela expectativa do clássico paulista pelo Brasileiro. Mas a derrota por 1 a 0 para o time equatoriano que colocou, de fato, a classificação em risco serviu de alerta: se baixar intensidade e depender demais de Marinho, o alvinegro praiano vai sofrer.

E penou no início contra o Palmeiras, também na Vila. Mesmo sem Abel Ferreira, diagnosticado com Covid-19, e novamente muito desfalcado, o Alviverde teve coragem para adiantar a marcação e tentar acelerar o jogo com passes verticais.

Com nove desfalques, incluindo os suspensos Danilo e Gabriel Menino, além dos lesionados Felipe Melo e Patrick de Paula, Abel, representado no campo pelo auxiliar Vitor Castanheira, apelou pra uma improvisação no meio-campo: o zagueiro Emerson Santos atuou como volante, entrando Alan Empereur na defesa ao lado de Luan. Emerson fez John trabalhar em chute de fora da área.

Mas quem penou foi Viña, no duelo contra um Marinho ligado e errando menos. Também melhor assessorado pela direita, com Pará muitas vezes apoiando por dentro e Kaio Jorge aparecendo muito no setor. Como no gol único do primeiro tempo, em jogada bem construída que encontrou Marinho e Kaio Jorge contra Viña e a assistência do ponteiro para Diego Pituca conferir.

O Santos tomou o domínio antes disso, com mais volume recuperando bolas no campo de ataque e empurrando o rival para trás. O Palmeiras sofria na transição. Lucas Lima não conseguia trabalhar como ponta articulador e Gabriel Verón não dava profundidade, mesmo com ambos alternando pelos flancos. Raphael Veiga não conseguia articular, nem se aproximar de Willian.

Ainda assim, o atacante teve grande oportunidade recebendo às costas da retaguarda santista, mas tocou por cima. O Palmeiras não jogou para empatar no final dos primeiros 45 minutos. O Santos terminou com 55% de posse, sete finalizações a cinco - duas contra uma no alvo.

O grande mérito do Palmeiras no clássico foi a resposta contundente no segundo tempo, entendendo que seria necessário ser forte em outros aspectos, já que o jogo coletivo não vinha funcionando. Na bola parada, a virada que parecia improvável. Primeiro no pênalti em toque de Lucas Veríssimo com o braço que Veiga completou. Logo depois, jogada bem ensaiada em escanteio, com Zé Rafael desviando e Willian conferindo na segunda trave, pouco antes de sair para a entrada de Gabriel Silva.

Seria o suficiente para o Palmeiras, que vem em ascensão, se impor de vez e o Santos se desfazer mentalmente. Mas o time de Cuca teve força e capacidade de recuperação. E Marinho de novo desequilibrou no belo gol de empate. Poderia ter se transformado em outra virada quando Zé Rafael foi expulso por entrada dura em Felipe Jonatan.

Mas a vantagem numérica acabou desorganizando um pouco as ações ofensivas do Santos. Soteldo, que na maior parte do jogo atuou como meia central, abriu pela esquerda para levantar bolas para o jovem Bruno Marques, de 1.93 m e, no final, o zagueiro Laércio Soldá, de 1,92 m.

Cuca apelou para os cruzamentos - o time terminou com 27 - e na área, sem trabalhar a bola, o homem a mais não se transforma em vantagem efetiva. Melhor para o Palmeiras, que sobreviveu ao primeiro teste de fogo de Abel Ferreira somando um ponto e se mantendo à frente do rival na tabela, ainda que com os mesmos 38 pontos. Mas Abel precisa voltar o quanto antes à beira do campo e sofrer menos com desfalques em disputas mais parelhas.

O Santos demonstra força para seguir brigando na parte de cima da classificação. Terminou com 59% de posse e 15 finalizações contra 11. Reagiu bem aos períodos de domínio do adversário e esteve mais perto da vitória. Mesmo sem os três pontos, a atuação renova esperanças. Ainda que tenha perdido Lucas Veríssimo, Diego Pituca e Soteldo, suspensos, para o jogo contra o Flamengo no Maracanã na próxima rodada.

Mas antes tem a ida contra o Grêmio na quarta em Porto Alegre. É possível seguir competitivo em alto nível.

(Estatísticas: SofaScore)