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André Rocha

Escolhas de Tiago Nunes transformam o Corinthians, agora favorito ao tetra

Jô marcou o segundo gol do Corinthians na vitória sobre o Bragantino pelas quartas de final do Paulistão 2020 - Rodrigo Coca/Agência Corinthians
Jô marcou o segundo gol do Corinthians na vitória sobre o Bragantino pelas quartas de final do Paulistão 2020 Imagem: Rodrigo Coca/Agência Corinthians

Colunista do UOL Esporte

31/07/2020 07h48

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Éderson marcou contra o Oeste o gol que consolidou a classificação para as quartas-de-final do Paulista. Também melhorou a produção do meio-campo com mais força física e presença no campo de ataque. Intensidade no lugar do controle pela posse de bola com Camacho. Ou seria com Cantillo, ainda se recuperando da Covid-19.

A escolha de Tiago Nunes para o jogo contra o Red Bull Bragantino se mostrou mais que acertada antes do primeiro minuto de jogo no Morumbi. Com o Corinthians concentrado desde o apito inicial, como deve ser em uma partida decisiva. Até o antes letárgico Luan, que roubou de Vitinho. Fosse Camacho e a opção seria pela retenção da bola.

Mas era Éderson, que conduziu e arriscou um chute de fora. Júlio César, que entrou em desgraça no Corinthians por falhas contra a Ponte Preta em 2012 que abriram espaço para Cássio virar titular, deixou a bola passar num frango bizarro. Tudo que o líder da primeira fase, mas um time jovem e sem vivência nesse tipo de partida, queria evitar. A confiança desabou.

Menos de Artur, que tentou resolver sozinho cortando da direita para dentro e finalizando com pé canhoto. Bateu forte no travessão e incomodou no primeiro tempo. Até Tiago Nunes acertar a marcação com Carlos Augusto, Ederson, a cobertura de Danilo Avelar e o recuo de Mateus Vital. Outra escolha precisa do treinador, ganhando toque qualificado, mesmo abrindo mão da velocidade de Janderson e acreditando na aproximação dos meias para se juntar ao seu velho/novo centroavante.

Jô entrou na emergência, por conta da fratura na face de Boselli. Estava claramente fora de forma e sem a agilidade de outros tempos, como em 2017 na campanha do título brasileiro. Tiago poderia ter optado por um ataque sem referência. Mas sabe que Jô tem uma impressionante capacidade de ganhar pelo alto nas ligações diretas, fazer pivô e segurar a bola na frente esperando os companheiros.

Também finalizar, aproveitando cobrança de escanteio pela esquerda para fazer o segundo gol e sacramentar a vitória na segunda etapa. Tiago manteve o camisa 77 até o apito final, mesmo com este se arrastando em boa parte da segunda etapa.

O time de Bragança sentiu o jogo, claramente. Tentou executar a proposta das outras partidas, mas sem confiança e personalidade. Deixando espaços até para Fagner, a já conhecida válvula de escape e opção de profundidade do adversário pela direita. E quando algumas bolas cruzaram a área corintiana, as pernas dos atacantes encurtaram no momento de empurrar para dentro, especialmente Morato. A equipe de Felipe Conceição travou diante do gigante.

Por isso a importância do aspecto mental e a janela aberta na análise pré-jogo, considerando a hipótese do tricampeão se impor na moral e na camisa, mesmo sem a força da torcida. Agora a "zebra" vira favorita ao tetra, até porque é improvável que vacile na semifinal contra o Mirassol, como o São Paulo diante de um time improvisado, que perdeu 18 jogadores do elenco. E Tiago parece ter encontrado a melhor formação, que cumpriu a atuação mais consistente nas três vitórias depois da volta.

Organização defensiva, mas sem abrir mão do jogo. Apostando em qualidade, mesmo com Ramiro ainda destoando na produção ofensiva, mas sendo um facilitador para Fagner. Porque o treinador sabe que agora conta com um centroavante que dá sequência às jogadas e sabe decidir. Como o próprio Corinthians.

Coisa de time grande, do maior vencedor do Paulista. Méritos também de Tiago Nunes. Os acertos do treinador foram decisivos.