Retaliação a Trump deixa jogadores de basquete dos EUA "ilhados" em Dubai

Donald Trump vetou a entrada de estrangeiros oriundos de sete países por três meses e iniciou uma espécie de dominó político. Incluído na lista do presidente dos EUA, o Irã retaliou proibindo a entrada de norte-americanos em seu território até que a Casa Branca reveja sua postura. Por conta dos acontecimentos, dois americanos, jogadores de basquete, podem ser impedidos de voltarem ao país de maioria muçulmana, onde atuavam profissionalmente.

A notícia foi divulgada pelo site "The Vertical", que entrevistou o agente de Joseph Jones e JP Prince. “No momento eles estão abandonados. É uma dificuldade real. Nós estamos esperando esclarecimentos do time. É complicado. Parece que eles não vão poder terminar a temporada no Irã. Não é bom perder seu emprego e as coisas deles estão todas no Irã. Eles não podem voltar e pegá-las”, disse o empresário Eric Fleisher.

A medida de Trump atingiu sete países de maioria muçulmana: Líbia, Sudão, Somália, Síria, Iraque, Irã e Iêmen. O argumento do presidente recém-empossado é de que a medida ajudaria a combater a entrada de terroristas nos EUA, mas o veto foi recebido com duras críticas dentro e fora do país. No último sábado, o Irã anunciou que faria o mesmo com os americanos. 

“A República Islâmica do Irã, para defender os direitos de seus cidadãos e até que se solucionem todas as limitações insultantes dos Estados Unidos contra os iranianos, aplicará o princípio de reciprocidade”, disse o Ministério das Relações Exteriores do país em um comunicado oficial em que trata a medida de Trump como “insulto flagrante aos muçulmanos do mundo” e diz que a medida fomenta a “propagação da violência e do extremismo”.

Jones e Prince jogaram no basquete universitário dos EUA e estavam em suas primeiras temporadas na Super Liga de Basquete do Irã, atuando pelo time da Universidade Azad, de Teerã. Segundo o empresário da dupla, eles estavam com o resto do time em uma viagem a Dubai, nos Emirados Árabes, quando os acontecimentos políticos se sucederam.

Fleisher disse ao The Vertical que dirigentes do clube entraram em contato com representantes do governo iraniano, mas que há “muito pouco otimismo” com a situação.

NBA se preocupa e atletas se manifestam contra Trump

A medida de Trump ainda ameaça o esporte americano de outras formas. No último fim de semana, a NBA divulgou um comunicado oficial dizendo que se sente orgulhosa de seus jogadores estrangeiros e questionando o Departamento de Estado sobre a situação de dois jogadores atingidos pela medida. Luol Deng, dos Lakers, e Thon Maker, dos Bucks, são do Sudão, que está na lista restritiva. A liga quer saber se os dois terão garantia de trânsito no país caso tenham de viajar. 

Além disso, a medida de Trump também cria um obstáculo para Los Angeles, que está em plena campanha para receber os Jogos Olímpicos de 2024 e sabe que o veto pode afetar suas chances. A reação dos esportistas, em sua maioria, tem sido dura. Nomes como Magic Johnson, por exemplo, falaram duramente sobre o novo presidente americano. Até Michael Bradley, capitão da seleção de futebol dos EUA e eleitor de Trump, retirou seu apoio ao republicano se dizendo "envergonhado".