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Jamaicano é punido por doping, Bolt perde ouro e Brasil deve herdar bronze

Nesta Carter (terceiro da esq. para a direita) foi pego no doping - Julian Finney/Getty Images
Nesta Carter (terceiro da esq. para a direita) foi pego no doping Imagem: Julian Finney/Getty Images

Fábio Aleixo

Do UOL, em São Paulo

25/01/2017 12h12Atualizada em 25/01/2017 15h03

O Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou nesta quarta-feira que o velocista Nesta Carter foi flagrado com a substância Metilhexanamina em reanálise das amostras de urina dos Jogos Olímpicos de Pequim-2008 e com isso a equipe da Jamaica foi desclassificada do revezamento 4x100m rasos, no qual acabou com a medalha de ouro. Com esta decisão Usain Bolt perderá uma de suas nove medalhas de ouro. Os outros integrantes da equipe na final eram Asafa Powell e Michael Frater. Naquela prova, os jamaicanos cruzaram a linha de chegada com o tempo de 37s10, um novo recorde mundial. Quarto colocado na prova. O Brasil herdará o bronze após oficialização do COI, que ainda não tem data para ocorrer.

"A realocação das medalhas não é automática e é feito caso a caso. Como regra geral entretanto, ela é feita quando os atletas ou equipes sancionadas têm esgotados todos os meios de apelação e os procedimentos são fechados. O COI segue a situação com os Comitês Olímpicos Nacionais, que então notificam os atletas para os quais as medalhas serão realocadas", informou o COI após consulta feita pelo UOL Esporte.

A equipe brasileira - formada por Vicente Lenílson, Sandro Viana, Bruno Lins e José Carlos Moreira (Codó) - acabou na quarta colocação naquela prova com a marca de 38s24, e iria ao pódio. Trinidad e Tobago ficaria com o ouro e o Japão com a prata. 

"Para mim não é surpresa. Em um ano competi como juvenil contra o Nesta Carter e ganhei dele fácil no Rio. No ano seguinte, o cara já estava o dobro do tamanho, correndo constantemente para baixo de 10s. Eu não tinha dúvida (que ele usava doping), mas dependendo do que você for falar, tem que provar. E eu não tinha como fazer isso. Mas o importante é que agora a justiça foi feita", afirmou ao UOL Esporte Vicente Lenílson, que já tinha a prata de Sydney-2000.

"No ano passado, se falava disso, mas não tinha nada oficial. Eu meio que tinha dado uma desencanada, não contava mais com esta medalha. Achava que não iriam tirar uma medalha do Bolt. Mas agora é oficial. Somos bronze! Não tenho palavras para descrever o sentimento", afirmou Bruno.

"Não esperava por esta notícia, cheguei do treino e fiquei sabendo. É uma grande surpresa e um ótimo sentimento. A ficha ainda não caiu", disse Codó.

De acordo com o comunicado do COI, a Federação Internacional de Atletismo (Iaaf) deverá alterar imediatamente o resultado da prova e a Associação Olímpica Jamaicana deverá providenciar a devolução das medalhas e dos diplomas.

Segundo a decisão disponibilizada pelo COI em seu site, Carter em nenhum momento contestou a validade da reanálise, mas contestou que as amostras pudessem ser reanalisadas. As amostras podem ficar armazenadas e serem reanalisadas em um período de até dez anos.

Com a devolução do ouro, Bolt ficará com oito medalhas de ouro olímpicas (100m rasos em 2008, 2012 e 2016; 200m rasos em 2008, 2012 e 2016; revezamento 4x100m rasos em 2012 e 2016).

Time feminino do Brasil também havia sido beneficiado

Em agosto do ano passado, a equipe feminina do Brasil no revezamento 4x100m rasos havia sido beneficiada com a desclassificação da equipe russa também por doping em Pequim-2008.

O time nacional terminou a prova no quarto lugar e acabou herdando o bronze. O Comitê Olímpico do Brasil (COB) ainda aguarda o COI enviar as medalhas para o Brasil para que possa premiar as atletas.

A Bélgica herdou o ouro e a Nigéria ficou com a prata.

Rival de Maurren Maggi é punida e perde a prata

A russa Tatyana Lebedeva, que disputou o ouro em Pequim com Maurren Maggi até o último salto e acabou com a prata, também perderá a sua medalha. De acordo com o COI, ela foi pega na reanálise com um metabólico.

Com esta desclassificação, a nigeriana Blessing Okagbare ficará com a prata e a jamaicana Chelsea Hammond com o bronze.

Lebedeva ficou com a segunda colocação na prova ao saltar apenas um centímetro a menos do que Maurren Maggi. Ela fez 7,03 m contra 7,04m da brasileira. A russa também havia ficado com a prata no salto triplo.