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Pistorius nunca disse estar arrependido por atirar, diz assistente social

Do UOL, em São Paulo

08/05/2014 10h46

O julgamento de Oscar Pistorius pela morte da namorada Reeva Steenkamp teve sequência nesta quinta-feira com a presença de três testemunhas trazidas pela defesa. A surpresa foi a participação da assistente social e oficial de justiça Yvette Van Schalkwyk, que desagradou os advogados do campeão paraolímpico ao afirmar que o atleta não afirmou em momento algum ter se arrependido de atirar na modelo.

Responsável pelo acompanhamento psicológico a Pistorius durante o período de julgamento, Van Schalkwyk foi chamada pela defesa para rebater as acusações de que o atleta estaria fingindo remorso nas sessões do tribunal, com direito a crises de choro e de vômito.

 “O que vi desde a primeira vez foi um homem de coração partido. Ele chora, está de luto, está sofrendo emocionalmente. Está muito triste pela perda, especialmente pelos pais dela, pelo que estão passando”, disse Van Schalkwyk.

Promotor do caso, Gerrie Nel questionou a testemunha se em algum momento Pistorius afirmou estar arrependido por ter atirado e matado Steenkamp. A assistente social confirmou que não ouviu qualquer declaração deste tipo por parte do atleta.

As outras duas testemunhas trazidas pela defesa questionaram os laudos apresentados pela promotoria. A médica Christina Lundgren rebateu as provas que indicariam que Steenkamp comeu durante a madrugada, utilizadas pela acusação para mostrar que o casal estaria acordado.

De acordo com Lundgren, o relatório da autópsia foi “puramente especulativo” ao afirmar que Steenkamp comeu à 1h da manhã ou mais tarde. Ela ressaltou que o tempo de digestão é uma “ciência inexata” e que fatores como o tipo de alimentos ingeridos, o fato da modelo ter praticado ioga após o jantar e até o ciclo menstrual poderiam causar interferência.

A defesa de Pistorius alega que o casal jantou às 19h do dia anterior e que os vestígios de alimentos encontrados na autópsia seriam ainda desta refeição. Já a acusação afirma que Steenkamp e o campeão paraolímpico discutiram de madrugada e que a modelo se alimentou neste período.

A outra testemunha foi o perito em balística Thomas 'Wollie' Wolmarans. Ele contestou o método utilizado pela perícia para avaliar a trajetória dos tiros efetuados de Pistorius e afirmou que, pelo exame realizado, seria impossível afirmar que Steenkamp teve tempo para gritar por ajuda após o primeiro disparo.

A promotoria afirma que apenas o último dos quatro tiros disparados foi fatal para Steenkamp. Desta forma, ela teria tido tempo de gritar por ajuda, o que inviabilizaria a alegação da defesa de que Pistorius a teria confundido com um invasor.