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Vencedora do BBB 21, Juliette faz crescer doações a organizações sociais

Ao atingir a marca de 20 milhões de seguidores no Instagram, o perfil de Juliette convocou seus seguidores a fazerem doações - Reprodução/Instagram
Ao atingir a marca de 20 milhões de seguidores no Instagram, o perfil de Juliette convocou seus seguidores a fazerem doações Imagem: Reprodução/Instagram

Paula Rodrigues

De Ecoa, em São Paulo (SP)

07/05/2021 09h47

Campeã do BBB 21 há apenas dois dias, Juliette Freire provavelmente ainda não sabe, mas já ajudou algumas organizações sociais espalhadas pelo Brasil. No dia 11 de abril deste ano, seu perfil do Instagram bateu 20 milhões de seguidores enquanto ela ainda estava confinada. E, em comemoração, a equipe que cuida de suas redes aqui fora, publicou uma postagem onde divulgava 20 organizações e iniciativas que estão com campanhas de arrecadação de dinheiro e alimentos para ajudar animais e pessoas em situação de vulnerabilidade.

Apesar de ainda não ser possível dizer quais caminhos a paraibana vai seguir nas redes sociais agora com os 27 milhões seguidores que conquistou até a publicação desta reportagem, Ecoa conversou com 10 das 20 organizações e iniciativas que foram divulgadas na postagem de Juliette para saber o que aconteceu com elas depois da divulgação.

50% de aumento nas doações

"Depois da postagem da Juliette, havia uma média de 100 seguidores e curtidas a cada 10 minutos As doações, acredito que tiveram uns 50% de aumento. E, no dia seguinte, a Pabllo Vittar também citou a gente. Essas divulgações são importantes porque nos ajudam a ampliar o que fazemos em prol da sociedade", diz Indianara Siqueira, presidente do Grupo Transrevolução, da Casa Nem, organização que acolhe a população LGBTQIA+ em vulnerabilidade social na capital carioca — e uma das divulgadas na postagem.

Juliette e ONGs - Michael Paz - Michael Paz
União BR tem arrecadado doações em dinheiro para ajudar hospitais em Rio Grande do Norte
Imagem: Michael Paz

Relatos parecidos ocorreram com todos os entrevistados e entrevistadas. No Rio Grande do Norte, por exemplo, a União BR pôde ajudar hospitais com o dinheiro que recebeu dos fãs de Juliette. Fundadora da iniciativa, Tatiana Monteiro de Barros diz que também observou um aumento, como sempre ocorre quando algum ou alguma influencer divulga sobre a iniciativa.

Divulgações como a da Juliette vêm para contribuir, veio para mais gente falar no tema da doação e mostrar como o movimento da sociedade civil é tão importante nessas horas, Tatiana Monteiro de Barros

Para Igor Silva, coordenador geral da ONG Maná do Céu para os Povos, a divulgação chegou em um momento fundamental, quando estavam mapeando famílias que se encontram em situação de extrema vulnerabilidade dentro do território em que atuam em Campo Grande (MS). Nesse mapeamento, encontraram uma casa onde o filho estava há cinco meses sem conseguir ter uma dieta adequada para conseguir comer por meio de uma sonda.

"Recebemos quase três mil reais de doações via pix, tiveram campanhas específicas de fã clubes da Juliette que fizeram arrecadações internas para gente. Na semana passada, recebemos mais uma doação de R$ 400 de um fã clube também", diz.

Na postagem — que até o momento recebeu 3,6 milhões de curtidas e cerca de 173 mil comentários —, sete organizações divulgadas vem da região Sudeste, seis do Nordeste, três do Centro Oeste, mais três da região Norte e duas do Sul do país. Parte está com campanha de arrecadação de alimentos e dinheiro para amenizar o impacto da pandemia na vida das pessoas e uma delas vem ajudando animais resgatados na rua.

"Mandaram mensagem para gente falando que queriam aproveitar o momento para ajudar causas sociais. Nos três dias posteriores, teve um aumento. Para ter uma ideia, em três horas eu consegui o quase R$ 2 mil para o tratamento ortopédico de um animal, a castração e a vacinação dele. Nunca consegui doações tão rápido assim", conta Andreia Medeiros, presidente e fundadora da Missão Patinhas Felizes, de João Pessoa (PB).

Juliette e ONGs - Acervo da Casa do Béradêo - Acervo da Casa do Béradêo
Chico César veste camisa "Deus me Proteja" vendida pela Casa do Béradêro, organização criada pelo artista
Imagem: Acervo da Casa do Béradêo

"Deus me proteja da bondade da pessoa ruim"

A mesma letra da canção "Deus me Proteja", do cantor Chico César, que Juliette apresentava para os colegas de confinamento, também ilustrava camisas vendidas pela Casa do Béradêro, organização criada pelo próprio cantor paraibano há 20 anos para realizar inclusão social por meio da música no sertão da Paraíba. O produto, vendido a R $60, é uma das fontes de sustento da organização há anos.

"A equipe da Casa do Béradêro contatou a equipe da Juliette para propor uma parceria na divulgação da camiseta. E eles informaram que nos apoiariam de alguma forma, pois reconheciam o nosso trabalho. Soubemos que várias pessoas da Paraíba já tinham contatado a equipe de Juliette para sugerir apoio à Casa do Béradêro", diz Aline Fernandes, fundadora da Lume Social, empresa que presta consultoria para a Casa do Béradêro, afirmando que, depois da divulgação, as vendas da camiseta aumentaram 100%, além dos 30% a mais de doadores a campanha "Amigo do Béradêro".

Situações parecidas já aconteceram em outras ocasiões nas redes sociais. O caso mais recente de mobilização em prol de uma causa foi o do humorista e youtuber Whindersson Nunes, que reunindo nomes como Tatá Werneck e Luciano Huck, conseguiu levar mais cilindros de oxigênio a Manaus (AM), em março deste ano.

"Eles [os influencers] têm muito poder, poder que pode ser usado para benefício de outros. Talvez seja uma luz no fim do túnel para que as organizações consigam ter visibilidade e apoio de alguém que é muito importante para conseguir ajudá-las a manter os projetos", diz Carolina Terra, consultora, pesquisadora e professora de mídias sociais.

Na visão da especialista Carolina Terra, a movimentação de parte da sociedade para que haja posicionamento nas redes sociais e campanhas publicitárias em relação à diversidade, por exemplo, pode começar a se estender para o mundo das influenciadoras digitais, como Juliette.

"Além disso, é uma questão de responsabilidade social. Alguém que tem esse poder de engajamento pode levar muito mais às pessoas que entretenimento e venda de produtos: falamos de sonhos e oportunidades de um mundo melhor! Influência que gera impacto social positivo é sempre bem vinda", comenta Dayanne Cristine Pires Dagnaisser, vice-presidente do Instituto Tchibum.

Juliette e ONGs - Rafael Monteiro/Orgânico Solidário - Rafael Monteiro/Orgânico Solidário
Voluntárias separam alimentos para doação da organização Orgânico Solidário
Imagem: Rafael Monteiro/Orgânico Solidário

Todas as organizações ouvidas, ao mesmo tempo em que demonstram gratidão pela ação da equipe de Juliette, sabem que qualquer ajuda conta para mantê-las em pé ajudando quem precisa. Seja a pessoa dona de um perfil com 27 milhões ou 100 seguidores, qualquer doação de cinco reais conta, como diz Aziz Camali, cofundador do Orgânico Solidário.

"São essas pequenas coisas que fazem a energia girar para a gente. Depois da postagem, conseguimos alimentar mais 100 famílias. A importância está na relação legítima com pessoas e não com o papel influenciador que todos nós temos, que deve ser a consequência desse processo."