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ONU municia recrutas digitais contra desinformação e "caos" da Covid-19

Diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, e secretário-geral da ONU, António Guterres - POOL New
Diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, e secretário-geral da ONU, António Guterres Imagem: POOL New

Carina Martins

Colaboração para Ecoa, em São Paulo

21/05/2020 17h56

Não dá para dizer que foi rápido, mas não deixa de ser muito bem-vinda a iniciativa que acaba de ser anunciada pela ONU para combater desinformação e fake news sobre a Covid-19. A campanha "Verified" (Verificado, em tradução para o português), começa usando uma "equipe de emergência digital", voluntários escolhidos para disseminar informações da iniciativa junto a familiares e amigos. Todos os dias, essa equipe receberá um pacote de conteúdos verificados para repassar de forma simples.

A ONU, como quase todo mundo, sabe que a desinformação, "em muitos países", está "impedindo a resposta da saúde pública e provocando caos. Há esforços inquietantes para explorar a crise para avançar no nativismo ou para atacar grupos minoritários, o que pode piorar na medida que cresça a pressão sobre as sociedades e cheguem as consequências econômicas e sociais", afirmou a subsecretária da ONU para Comunicações Globais, Melissa Fleming.

Verdade perde de 3x1

Uma reportagem de Patricia Campos Mello mostra que canais de fake news sobre Covid-19 são visto três vezes mais do que os de dados reais no Brasil. Os números são do estudo Ciência Contaminada - Analisando o contágio de desinformação sobre coronavírus via YouTube", de pesquisadores do Centro de Estudos e Pesquisas de Direito Sanitário (Cepedisa) da USP, do Centro de Análise da Liberdade e do Autoritarismo (LAUT) e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Democracia Digital (INCT.DD), sediado na Universidade Federal da Bahia, que mostra o alcance de redes de teoria da conspiração e tratamentos médicos não comprovados "No caso da Covid, sem hipérbole, a desinformação pode afetar o futuro econômico do país e pôr em risco milhares de vidas", afirma um dos autores do estudo. A ONU concorda.

Lockdown paulista

Aliás, é falsa a mensagem de WhatsApp que afirma estar decretado um lockdown no Estado de São Paulo em junho. Não há plano B, mas ainda não tem lockdown também. A boa notícia é que o atrapalhado megaferiado pelo menos aumentou (um pouquinho) a taxa de isolamento no primeiro dia. Ainda bem longe dos ideais do governo (60%) e especialistas (70%).

Fique em casa, mas, se sair...

...pode confiar na sua máscara. Os modelos caseiros chegam a ter eficácia de 90%, desde que sejam bem vedadas. Veja como não sabotar a sua. Também não precisa desanimar só de pensar em ter que tirar toda a roupa na volta e lavar absolutamente qualquer objeto do mundo exterior. As recomendações de higiene básicas - como lavar as mãos sempre que tocar em algo externo ou voltar da rua - continuam em alerta máximo. Mas a paranóia da transmissão pela permanência do vírus em superfícies tem se abrandado com os estudos mais recentes.