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Curiosidades sobre Greta Thunberg, a "pirralha" eleita Personalidade do Ano

Greta Thunberg, 16, é a pessoa mais jovem a ser eleita Personalidade do Ano - Lionel Bonaveture/AFP
Greta Thunberg, 16, é a pessoa mais jovem a ser eleita Personalidade do Ano Imagem: Lionel Bonaveture/AFP

Paula Rodrigues

de Ecoa

12/12/2019 04h00

Tudo começou com um cartaz e o silêncio. Em 2018, Greta Thunberg tinha apenas 15 anos quando parou de sentar em cadeiras escolares para sentar nas escadarias do prédio do Parlamento Sueco, em Estocolmo. Sozinha, carregava apenas um cartaz grande de cor branca com letras em preto que dizia: "Em greve escolar pelo clima".

A atitude solitária deu início a um dos maiores movimentos contra as mudanças climáticas do mundo, o Sextas Pelo Clima, greve global liderada por crianças e adolescentes que não frequentam a escola às sextas-feiras para protestar pedindo ações contra o aquecimento global.

Agora, em dezembro de 2019, Greta, com 16 anos, acaba de ser eleita a Personalidade do Ano pela revista Time. A publicação elege a pessoa que mais se destacou por causar impacto durante o ano. Em edições anteriores, a revista já elegeu nomes como o ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama e o Papa Francisco. Greta é a pessoa mais jovem a ser indicada Personalidade do Ano.

Recentemente chamada de "pirralha" pelo presidente brasileiro Jair Bolsonaro, ela rebateu a fala com ironia, colocando "pirralha" como descrição da biografia dela no Twitter. Para além de chamar a atenção com discursos poderosos e atitudes que inspiram jovens ao redor do mundo, a história de vida pessoal de Greta é carregada de curiosidades.

Selecionamos aqui quatro delas para você conhecer um pouco mais da Personalidade do Ano de 2019:

1) Greta tem mutismo seletivo

Greta Thunberg - REUTERS/Chris Keane - REUTERS/Chris Keane
Greta fala para multidão de crianças e jovens na Carolina do Norte, nos EUA, em novembro deste ano. Ela cruzou o Atlântico a bordo de um veleiro
Imagem: REUTERS/Chris Keane

Aos 11 anos, a garota recebeu o diagnóstico de mutismo seletivo, um transtorno psicológico que causa dificuldade de falar e se expressar, especialmente em público. A comunicação torna-se uma ferramenta utilizada apenas quando a pessoa com o transtorno está determinada a falar, em momentos escolhidos por ela. Foi o que aconteceu na COP24, em dezembro do ano passado, quando Greta acusou pessoas em cargos de liderança de não serem "maduras o suficiente" para resolver problemas ligados às mudanças climáticas.

Além disso, ela também tem Síndrome de Asperger, um transtorno do espectro autista que causa dificuldades para interagir socialmente, e transtorno obsessivo-compulsivo, que gera comportamentos repetitivos. Durante uma fala da garota em dezembro do ano passado, no TEDxStockholm, ela resumiu todos esses diagnósticos da seguinte forma: "Basicamente, isso significa que eu só falo quando é necessário. Agora é um desses momentos", referindo-se à crise climática global.

2) Os pais já eram famosos

Greta Thunberg - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Malena Ernman e Svante Thunberg com as filhas Beata e Greta Thunberg
Imagem: Arquivo Pessoal
Greta é filha do casal de suecos Malena Ernman e Svante Thunberg. Os dois já eram personalidades conhecidas antes mesmo de a filha aparecer nos noticiários. Malena, a mãe, é uma famosa cantora de ópera que, em 2016, desistiu da carreira internacional incentivada pelo ativismo da filha.

Acontece que Malena, por causa dos shows, precisava realizar muitas viagens de avião para outros países, e o transporte aéreo é um dos grandes responsáveis pela emissão de CO2, um gás de efeito estufa que polui o meio ambiente e causa o aquecimento global. Por isso, a cantora — assim como Greta — parou de realizar viagens de avião e só vai para outros países se conseguir chegar navegando ou de trem. A filha, quando viajou aos EUA para a Cúpula da ONU, cruzou o Oceano Atlântico a bordo de um veleiro sustentável, com painéis solares para gerar a energia necessária além do próprio vento.

Já o pai é ator e autor. Svante tem esse nome em homenagem a Svante Arrhenius, um químico sueco conhecido por ser uma das primeiras pessoas a acreditar na possibilidade de existir aquecimento global. Em meados de 1890, ele foi o primeiro químico a tentar calcular como as partículas de CO2 poderiam causar um aumento na temperatura da Terra.

3) Inspirada pela ativista negra Rosa Parks

Rosa Parks - Manuscript Division, Library of Congress, Washington, D.C. - Manuscript Division, Library of Congress, Washington, D.C.
A ativista negra americana Rosa Parks foi a primeira inspiração de Greta Thunberg
Imagem: Manuscript Division, Library of Congress, Washington, D.C.

Greta já afirmou que a ativista negra norte-americana Rosa Parks foi a primeira mulher que a inspirou. Em dezembro de 1955, Parks recusou-se a ceder o assento em que estava para um homem branco dentro de um ônibus em Montgomery, nos Estados Unidos. À época, estava em vigor a lei de segregação racial, que, dentre outras coisas, garantia a pessoas brancas prioridade em assentos de transporte público.

Mantendo completo silêncio, continuou sentada e, depois, foi presa por isso. Dias depois, a atitude de Rosa Park se propagou, e muitos outros negros passaram a boicotar o transporte público na cidade — o que gerou um grande prejuízo entre as companhias de transporte, já que a maioria das pessoas, em forma de protesto, parou de pegar ônibus.Um ano depois, a segregação racial em ônibus de Montgomery foi abolida. A atitude da ativista negra fez com que Greta enxergasse que "uma pessoa sozinha pode fazer uma grande diferença apenas por se recusar a fazer algo", como afirmou a garota em março deste ano para a revista Rolling Stone.

4) Aquecimento global a deixou psicologicamente doente

Greta Thunberg - Reprodução/Teen Vogue - Reprodução/Teen Vogue
Aos 11 anos teve depressão após descobrir a existência do aquecimento global
Imagem: Reprodução/Teen Vogue

Aos oito anos, Greta ouviu pela primeira vez sobre aquecimento global na escola. A princípio, a garota não conseguiu acreditar. Para ela, mudanças climáticas não poderiam ser reais porque ninguém estava preocupado tentando resolver o problema. Com o passar dos anos e muitos livros lidos depois, a garota aprendeu que não só era real, como estávamos em um momento crítico relacionado ao aumento da temperatura global.

Assim, aos 11 anos, ela acabou entrando em depressão por não conseguir parar de pensar sobre mudanças climáticas. A doença foi tão severa que a garota acabou passando meses sem falar e sem comer, o que a fez perder cerca de 10 kg por causa disso.