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M.M. Izidoro

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Nada nunca acaba

FG Trade/iStock
Imagem: FG Trade/iStock

M.M. Izidoro

Colunista do UOL

31/12/2022 06h00

É maio de 2019.

Minha amiga Mari me liga: "Oi, Mama! Tudo bem aí? Olha estou produzindo um sprint para criar uns produtos novos para o UOL e queria te convidar para fazer parte. Tu topa?"

Eu não só topei, como estou aqui nesse produto até hoje, quase cinco anos depois.

É o primeiro dia de outubro de 2019.

Minha primeira coluna aqui vai ao ar.

Assim como nesse primeiro texto, nesses últimos anos, eu usei esse espaço aqui para falar sobre minhas dores, amores, anseios, ideias.

Em 54 textos, eu tentei colocar ordem no que eu sentia aqui dentro para talvez entender um pouco da ordem caótica da natureza lá fora.

Em alguns momentos super rolou, em outros, nem tanto.

Para quem não sabe o que é um sprint, é uma metodologia de trabalho onde você coloca algumas pessoas com habilidades complementares em volta de uma literal mesa e todo mundo tem um tempo determinado para juntos resolverem um problema.

O nosso maior problema na criação do que viria a ser o ECOA, era em como falar de bem social de uma maneira diferente e em um lugar tão massivo como o UOL.

Mas para algumas pessoas que estavam lá como eu e o Tony Marlon, que também viria a ser colaborador aqui, queríamos também questionar como fazer e falar de notícias propositivas.

A maneira que achamos era que assim como na natureza, esse tinha de ser um espaço diverso de largada. Um lugar onde não só as ideias e notícias sobre pessoas das periferias sociais e geográficas estariam, mas onde elas poderiam contar suas histórias, e tudo dando certo, qualquer história que eles quisessem contar.

E isso é básico. E Ecoa é um lugar onde a gente fala de coisas básicas que ficaram distantes da gente.

Por isso que quando propus o logo do Ecoa (sim, eu que fiz o logo), fiz formas geométricas básicas como triângulos, círculos e retângulos. Mas se você ver de ponta cabeça, ele forma a palavra "você", que é exatamente o sujeito de todas as matérias que queríamos escrever: você aí que está nos lendo, que quer fazer algo diferente e que acredita na mudança.

Ecoa me deixou muito feliz nesses anos e aprendi muita coisa sobre mim, sobre os outros.

Por causa disso tive oportunidades que talvez eu não tivesse em outros veículos.

Fiz amigos, dei palestras, conheci ídolos, entrevistei outros, escrevi histórias que eu queria ler e li histórias que eu não sabia que precisava ler.

Estamos a um dia de um novo velho presidente.

Mas mesmo assim, vejo que as pessoas estão começando a sorrir novamente.

Um clima de esperança está nos tomando de volta.

E é por isso que essa é minha última coluna regular para UOL Ecoa.

Eu sinto que o mundo está vivendo uma crise de sonho e narrativas.

Precisamos e vamos sonhar novos sonhos.

Assim como ajudei e estive aqui em todos esses anos, agora eu preciso estar em outro lugar. Um lugar que não só faça as pessoas se inspirarem, mas que crie aspirações coletivas de futuros e presentes possíveis e diferentes dos que estamos vivendo e mirando.

Obrigado a todos que estiveram do meu lado e me leram até aqui.

Aos meus editores, colegas colunistas e chefes de conteúdo do UOL, vocês foram essenciais na minha formação como autor e pessoa.

A você caro leitor, sem você nada disso aqui faria sentido. Pois isso aqui sempre foi um diálogo entre nós todos.

Na graphic novel Watchmen, o semi deus Dr Manhattan que consegue ver todo o tempo e espaço ao mesmo tempo, diz que "nada nunca acaba".

Que isso aconteça com todas as ideias e ideais que propusemos aqui.

Que nossa história não acabe sem um final feliz e que continuemos a construir coisas bonitas para contar por aí.

Não calem seus peitos, seus desejos, seus sonhos.

Apenas começamos.