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Mari Rodrigues

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Bem-vindes à universidade!

Recepção de ingressantes do curso de Letras da Universidade de São Paulo - Divulgação / CAELL
Recepção de ingressantes do curso de Letras da Universidade de São Paulo Imagem: Divulgação / CAELL

19/03/2022 06h00

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Muitas coisas ruins aconteceram esta semana, como a morte de um ativista trans, que infelizmente não conheci e sobre o qual pouco teria a falar. Mas creio que também preciso trazer notícias boas e, portanto, hoje vou falar sobre o que tem me acontecido.

Na segunda-feira, iniciaram-se as aulas na Universidade de São Paulo, a mais importante do país. Foi prevista uma série de atividades para recepcionar ingressantes dos vários cursos oferecidos em todos os institutos. Falarei especificamente do curso de Letras, aquele em que estudo.

Foi muito bacana ver essas pessoas jovens (e mesmo nem tão jovens assim) empolgadas com a possibilidade de estudar neste curso tão rico e cheio de possibilidades. Era nítida a alegria nos olhos de quem era possivelmente a primeira pessoa na família a ingressar num curso superior. Também fiquei muito feliz com as dinâmicas que criaram grupos de estudantes tão diversos, mas que ao mesmo tempo se sentem já pertencentes a essa estrutura.

Recepcionei um grupo de outro instituto, que fazia um tour pelo espaço da cidade universitária. Pude falar sobre a importância dos coletivos de "minorias" dentro dos cursos, em especial os coletivos LGBTQIA+, e sobre como fazer parte deles também gera uma sensação de pertencimento e uma força coletiva e política para combater as opressões que sofremos diariamente dentro e fora da universidade.

Relembrei nesse momento que, em grupos assim, compartilhamos não só as dores, mas também as delícias de ser quem se é. Algo que as novas gerações têm mais enraizadas em si, em virtude da luta das gerações anteriores. Esse intercâmbio de experiências intergeracionais traz uma potencialização das nossas vivências e nos ajuda a entender nossas possibilidades de transformação da realidade.

Minha finalização é especial para aquelas pessoas LGBTQIA+ que ingressaram não só na USP mas em outras universidades públicas e particulares: ninguém está só! Nossos grupos e a sensação de pertencimento que vem deles é o que nos fará seguir esse percurso por vezes complicado, mas muito prazeroso.