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Mari Rodrigues

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Como é bom viver na 'lacrolândia'!

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Imagem: iStock

12/02/2022 06h00

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Recentemente, ouvi falar de uma dessas pessoas estúpidas que aparecem na televisão falando que vivemos na "lacrolândia". E fiquei imaginando: que termo incrível! E que lugar incrível é esse que foi citado!

Um lugar onde a mulher sempre vai ter a última palavra, pois ela "lacra" mais. Onde as bandeiras gays dominam e é proibido ser só heterossexual. Onde as escolas "doutrinam" sobre teorias queer...

Obviamente, este lugar não existe, e estamos muito longe dele. Primeiro, porque não é nada factível. Segundo, porque não é esta a intenção das pautas "identitárias", tão odiadas à direita e à esquerda.

Direita que não surpreende e acha melhor colocar gente estúpida na televisão para falar esse tipo de abobrinha sobre "lacração". Esquerda que surpreende e consegue ser ainda mais estúpida que a direita e acha que vai conseguir fazer as suas "revoluções" oprimindo e excluindo minorias já marginalizadas pela direita.

Mas o que seria essa tal "lacrolândia"? Para mim, não passa de um medo e de um ódio à possibilidade de que minorias historicamente marginalizadas consigam direitos mínimos que são devidos a toda a sociedade, menos a elas.

Porque nada que envolva respeito ao outro é valorizado por essa gente. As opressões estruturais contra essas minorias marginalizadas envolvem o desrespeito às suas pautas, a chacota, o desmerecimento. E quando denunciamos isso, estamos "lacrando", porque nem a direita estúpida e nem a esquerda que não enxerga um palmo à frente do nariz estão interessadas em rever suas posições de privilégio.

Não precisamos de uma "lacrolândia", até porque ela não existe. Precisamos de um mundo onde os privilégios sejam revistos. Onde as dívidas históricas com as minorias marginalizadas sejam reconhecidas. Onde a religião não seja incentivada como régua moral da sociedade. Onde as trans e os gays possam andar livremente na rua sem sofrerem agressão. E onde a gente não promova os pensamentos estúpidos dessa gente estúpida que aparece na televisão.